Confira a entrevista com o pastor David Quinlan

Filho de pai irlandês e mãe inglesa, David Quinlan nasceu em Belfast, na Irlanda do Norte. Foi para o Brasil ainda criança e toda sua vida esteve envolvido com a obra de Deus, até que foi separado pelo Senhor para iniciar seu próprio ministério, em Minas Gerais, chamado Paixão Fogo e Glória. Quinlan morou um ano em Taiwan, cuidando de crianças orfãs, é atleticano (também ama os irmãos cruzeirenses), gosta de motos, de natação, é apaixonado pela família, mas seu amor pela obra de Deus o coloca na estrada para valer. Quinlan tem cantado e pregado para milhares de pessoas no Brasil e no exterior, levando muita gente a entregar suas vidas a Jesus, especialmente a juventude. Nesta entrevista ele fala de carreira, fama, obra social e se expõe, sem medo nem hipocrisia, a temas perturbadores da vida cristã jovem, como tatuagem e música secular.





Nome: David Martin Quinlan

Idade: 39

Esposa: Bebel. Na verdade é Maria de Fátima Quinlan , mas ninguém a conhece assim.

Ela sempre viaja com você? De vez em quando. Na semana passada mesmo, ela e minha filha caçula estiveram comigo lá em Mariana, MG. Ela administra o ministério, cuida da agenda e da casa. Então é difícil para viajar.

Filhos: Três. Donny (18), Danielle (15) e Angel (5).

Hobby:
Moto. Gosto demais de moto. Já tive uma XLX. Meu sonho é ter uma dessas motos de passeio como às que pessoas usam aqui nos Estados Unidos, tipo Harley (Harley Davidson). Vou juntando um dinheirinho e um dia vou chegar lá. Tem amigos meus, pastores americanos que moram no Brasil, que andam de moto. Eles tiram um final de semana, vão a uma cidadezinha, evangelizam e voltam.

Pratica esportes?
Gosto de natação, bicicleta, de malhar um pouquinho, quando consigo.

Torce por alguma clube de futebol?
Sou atleticano.

Quantos idiomas fala?
Falo fluentemente o português e inglês, tenho uma noção muito boa do espanhol, entendo bem italiano e francês. Aprendi um pouco de mandarim, porque morei em Taiwan. Sempre amei línguas.

Quantos CDs Gravados:
Eu trabalhei com um ministério americano e com eles gravei quatro CDs. Depois, já no nosso ministério, gravei cinco.

O site Wikipédia descreve a perseguição que seus pais sofreram na Irlanda, porque eram católicos se converteram ao protestantismo. Você vivenciou esses momentos?
Não, na verdade nesta época eu ainda não tinha nascido. Meu pai estava estudando para ser padre, só que a ele não era permitido ter acesso à bíblia. Um dia ele conseguiu uma bíblia e começou a ler. Ele disse: “eu preciso é disso que estou lendo”, então aceitou a Jesus. Ele foi até minha avó e disse que a vida dele dali para frente ia ser outra. Minha avó se irritou e disse que não aceitaria. Ela colocou no encalço do meu pai o IRA (Exército Republicano Irlandês) e meu pai passou a ser a quarta pessoa mais procurada da nação da Irlanda.

O que aconteceu depois disso?
Ele teve que fugir. Recebeu apoio na Inglaterra, da igreja metodista, e foi onde conheceu minha mãe. Meu pai orava e pedia a Deus para ganhar o coração da minha avó antes que ela morresse. Passaram sete anos, se não estou equivocado. Ela estava no leito da morte e o chamou para vê-la. Meu pai falou do amor de Cristo para ela, e antes de morrer ela reconheceu que era pecadora e aceitou a Jesus, morrendo salva.

Onde então aconteceram as perseguições às quais o site relata?
Isso foi no Brasil. Eu fui levado para o Brasil ainda pequeno. Eu tinha cinco anos de idade e lembro de pistoleiros apontando arma para a cabeça do meu pai, a mando da igreja católica. Eu me lembro até hoje do nome desse padre, que nos perseguiu muito. Mandou matar meu pai várias vezes. Uma vez havia uma multidão em frente à minha casa, onde morávamos, em Minas Gerais. Quando saí para fora um pistoleiro estava com a arma na cabeça do meu pai. Meu pai então dizia a ele para atirar. O homem então disse que estava tentando, mas que o dedo não obedecia. O homem começou a chorar e aceitou a Jesus ali mesmo. Isso aconteceu muitas vezes. Isso eu presenciei.

A semente do ministério Paixão, Fogo e Glória foi plantada em seu coração por Deus, através do casal de missionários americanos Dan e Marti Duke. Em que ano foi isso. Foi aí que tudo começou?
Foi sim. Isso foi em 1990. Mas antes eu ainda servi a eles por oito anos, então são 18 anos de ministério ao todo. Este casal teve um impacto muito grande na minha vida, não só por aquilo que pregavam, mas em função daquilo que viviam. Nem sempre todos os pregadores vivem tudo aquilo que falam, mas tem outros que realmente são aquilo e muito mais. A vida desse casal, somado à semente que meus pais plantaram na minha vida, mudaram completamente meu ser, meus sonhos, meus desejos, meu entendimento do amor que Deus tem para a gente.

Você se tornou uma personalidade no meio evangélico, tanto no Brasil como no exterior e uma referência para a juventude cristã. Como você convive com esse sucesso, sem se deixar influenciar pelas vaidades?
Eu tenho uma esposa incrível. Quando eu chego em casa depois de uma turnê, quer seja no exterior ou no Brasil, onde os números são bem maiores do que aqui e tocamos nos fins de semana para dez, vinte mil pessoal, falo para ela dos números, do carinho das pessoas que pedem para tirar foto ou uma dedicatória, isso e aquilo, ela chega perto, dá um sorriso, me dá um abraço e diz, “que legal, que jóia, mas você sabe que isso é tudo por causa de Deus, né? Você sabe que toda essa glória é para Ele”. Então eu abaixo a cabeça e reconheço. Ela é um braço direito e esquerdo que eu tenho, um equilíbrio que Deus colocou na minha vida que é fundamental no meu ministério.

Você venceu por três anos consecutivos o troféu Talento, de grande importância no meio musical gospel do Brasil. O evento é organizado pela rede de rádio Aleluia e a votação nos artistas é popular. Você venceu de 2004 a 2006. Em 2007 teve três indicações, mas não venceu nenhuma delas. Isso aconteceu em função de alguma mudança nos rumos do seu ministério?
Eu reconheço o trabalho do pessoal (equipe do Troféu Talento). São meus amigos e respeito o que eles fazem. Nosso ministério mudou um pouco, sim. Hoje nós temos um público que não vinha aos nossos eventos antes. Nosso ministério está mais focado aos desviados, àqueles que não conhecem a Jesus. Estamos fazendo eventos abertos, em praças, ginásios, praias, levando essa mesma intensidade de louvor, só que com uma palavra evangelista voltada aos não cristãos. Minha oração é: Deus, faça de mim um saqueador do inferno. A gente deu à igreja 10 anos de trabalho com louvor, adoração, frutos do espirito. Foi um investimento, agora a gente está saindo para alcançar as pessoas lá fora. Foi a Dan Duke quem me disse, que Deus estava mudando a direção do nosso ministério, saindo das igrejas para as praças. Da noite para o dia os convites começaram a chegar. Eu falo isso para que os leitores entendam que hoje nós alcançamos a vida de pessoas não cristãs. No dia da festa de entrega ( do troféu) a gente estava em Campo Grande, MS, ministrando para mais de 10 mil pessoas e quando fiz o apelo mais de 300 aceitaram a Jesus como seu Senhor e Salvador, com lágrimas nos olhos. Eu não abriria mão disso nunca. É minha paixão.

Por falar em troféu, o que você acha do artista gospel que absorve uma parte da glória pelo sucesso do seu trabalho. E sobre autógrafos? Muita gente critica os artistas evangélicos que formam longas filas para autografar livros e capas de CDs?
Eu vou falar de mim. Acho que existe uma linha muito tênue entre a pessoa que te idolatra e a pessoa que se identifica com você. É importante o carinho das pessoas que querem estar perto, chegar perto de você, se encostar, ver que você é um homem de Deus, mas que é normal e humano também. Eu acho legal retribuir esse carinho. Agora, a idolatria, não. Deus me livre disso. A gente permite a aproximação pelo respeito e pelo carinho que temos com as pessoas.

E o autógrafo?
Sempre que uma pessoa chega e me pede um autógrafo, eu viro para ela e digo, querido, querida, isso não vai te edificar em nada. O que eu vou fazer é pegar o seu CD e colocar uma dedicatória, um versículo, uma mensagem. É o que eu tenho feito e muitos amigos meus no Brasil têm feito. Autógrafo é perigoso tanto para quem pede, quando para quem dá. Quem dá autógrafo acaba se achando importante, estrela. Mas estrela só tem uma, que é Jesus.

O seu ministério não é só de música, porque você também prega. Há um critério para definir se suas apresentações terão as duas coisas?
Quando nos convidam para ministrar, nossa preferência é sempre trazer também a palavra, porque nossas canções têm muito haver com intimidade, entrega, conhecer mais quem é Jesus, o preço que ele pagou na cruz. A pregação que fazemos está ligada a essa atmosfera. Já ocorreram eventos onde fomos convidados para ministrar apenas o louvor, e outra pessoa ministrar a palavra. Cada pregação tem um propósito e não tem nada errado com isso, mas preferimos fazer as duas coisas para que tenha o mesmo propósito. Ou então que sejam convidadas pessoas que tenham essa mesma linha, mesma direção.

Você já se apresentou duas vezes em cruzeiro evangélico. Fale dessa experiência.
Maravilhosa. Faria de novo. Os dois não foram só evangélicos. No segundo tinha mais gente, eram cento e poucos irmãos. A gente estava ali, ministrando ao Senhor e as pessoas passavam e se perguntavam: “Opa, o que é que é está acontecendo aqui?”. É um culto, uma celebração. Várias pessoas foram tocadas. É fenomenal, incrível. Me parece que para o ano que vem está agendado de novo. Se Deus quiser vamos estar lá, ouvindo testemunhos, compartilhando palavras. É maravilhoso.

Você tem um projeto social do Moro do Cafezal, em Belo Horizonte, que chama Compaixão, Fogo e Glória . Sobra tempo para o pastor e ministro David se envolver pessoalmente?
Quase não tenho tempo. Quem está na frente desse projeto é minha esposa. Ela faz isso “compaixão”, mesmo. É a paixão dela, o que mexe com o coração dela, e o meu também. É uma casa que alugamos e reformamos, onde ficam as crianças. A gente ministra na vida delas. O foco é o incentivo escolar. Alimentamos, cuidamos, damos apoio espiritual. Quando a gente faz eventos, festas, eu vou, levo minha equipe, a gente faz a festa para eles. Aquelas criancinhas são abençoadas. É um trabalho que a gente faz com os próprios recursos e estamos sempre em busca de parceiros, pessoas que queiram ajudar para que possamos alcançar cada vez mais crianças e suas famílias. É incrível ir na casa delas e ver que ainda existe em cidades como Belo Horizonte, casas que não têm janelas, que não têm vaso sanitário. Eles colocam papelão na parede para não sentir frio. A gente tá fazendo o pouquinho que pode para mudar essa história para algumas famílias.


“Seja radical para Deus em todas as áreas de sua vida e você conhecerá o verdadeiro sucesso de viver”. Esta é uma declaração sua para o site Adoreis.net. Quando você diz ser radical para Deus, está falando em mudanças? Como você definiria o sucesso de viver?
Seja intenso para Deus. Especialmente aqui nos Estados Unidos, muita gente vive em função do dinheiro, em função dos sonhos, desejos, em função do materialismo. É errado? Não, mas tudo dentro de um equilíbrio. Eu tenho sonhos, como falei ainda a pouco da moto que tenho desejo de comprar. Mas com a mesma intensidade que você busca essas coisas, deve buscar as coisas de Deus, o amor que ele tem para você. Leitores, entendam isso: essas coisas sozinhas não trazem a felicidade. Quantos milionários conhecemos pelo mundo afora e seus testemunhos são de famílias destruídas, drogas, prostituição. Você sendo radical para Deus, as demais coisas serão acrescentadas, como diz a palavra de Deus, num equilíbrio e proporção certos, que trarão a você o sucesso de viver..

Você é uma referência para os jovens. Há questões ligadas ao comportamento que incomodam a juventude crente e dividem opiniões, levando uns a acharem normal e outros a rejeitarem. Vamos abordar aqui duas delas:

A tatuagem: Cada um é responsável pela verdade que possui. Eu não tenho nada contra (tatuagem), de maneira alguma. Tenho muitos amigos que têm tatuagem, incluindo o guitarrista que toca comigo aqui (nos Estados Unidos). A maioria tatuou-se antes de conhecer o evangelho, inclusive pastores. Eu tenho amigos que tatuaram mensagens como “Jesus te ama”, ou o nome de um filho. A palavra de Deus mesmo diz, que Ele está interessado naquilo que está no interior. Não podemos julgar nem criticar, mas cada um é responsável pela verdade que conhece. Se você acha que a bíblia não dá lugar para isso, não faça. Se acha que dá, faça. Consulte o seu pastor. Se ele não se importa, Glória a Deus. Mas se ele se importa, seja submisso a ele.

A música secular: Até que ponto ela não compromete o caminho cristão, ou ela compromete e deve ser evitada?
Eu acho que a pessoa tem que ter maturidade nesta área. Especialmente o jovem, tem que ter um equilíbrio muito grande, porque o diabo é muito sutil, sagaz, muito sujo. Ele pode usar essas coisas para afetar a vida cristã da pessoa. Ainda mais aqui nos Estados Unidos, onde especialmente o jovem entende a língua, antes de curtir uma música deve sentar e analisar essa música, a letra dela, o ritmo, onde ela está te levando. Toda música leva a algum lugar. Algumas te levam ao Céu, outras aos quintos dos infernos, literalmente falando. Outras não, já te levam para um amor para com os pais, para com os filhos. Não são propriamente cristãs, mas falam de uma coisa linda que é o amor que uma esposa deve ter com o marido, os filhos devem ter com os pais. Isso tem que ter um equilíbrio muito grande. O jovem tem que levar a vida a sério, saber o que está fazendo e buscar a direção do Espírito Santo para saber aquilo que pode ouvir ou não.

Você já compôs música secular?
Eu fiz uma música para minha filha, falando do amor que sinto por ela.

E em relação ao Brasil, com as manias que surgem de tempos em tempos, explorando geralmente a sensualidade?
Tem essa coisa do “créu”, esse funk. Só a misericórdia. Deus me livre. São mensagens vulgares que levam a pessoa aos lugares mais indesejáveis do mundo.

E a música clássica?
É o equilíbrio e conhecimento. Muita gente não sabe, mas o Aleluia, de Handel, é uma música cristã. Ele era cristão. Falando também de filme, por exemplo, o William Walace, que Mel Gibson representou no cinema com “Coração Valente”, era cristão. Ele ia para as guerras cantando salmos. Tem que ter bom senso e equilíbrio.

Por: Evandro Constâncio

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