As escavações em Jericó permitiram trazer à luz do dia esta antiga torre de vigía. |
pedras queimadas, partirá do princípio, com razão, de que descobriu vestígios da destruição de uma cidade antiga. Se, além disso, descobrir alguma olaria datando de cerca de 1200 a.C. ou ligeiramente anterior, pode determinar a data em que ocorreu a destruição dessa cidade.
Um
grande número de especialistas em história bíblica acredita que os
israelitas conquistaram Canaã cerca de 1200 anos antes da nossa era.
Quererá isso dizer que a destruição testemunhada no local descoberto
pelo nosso arqueólogo foi causada pelos israelitas? Infelizmente, é raro
conseguir chegar a tais conclusões com certeza absoluta. O pesquisador
sabe que a cidade foi destruída por altura da invasão israelita, mas é
obrigado a reconhecer que existem outros agentes possíveis. Talvez a
cidade tenha sido destruída por um incêndio “normal”. Ou talvez os
Filisteus tivessem deixado a cidade em ruínas, uma vez que esse povo
guerreiro entrou na Palestina mais ou menos na mesma altura que os
israelitas.
E se fossem os Egípcios, que faziam tudo para conservar o
seu fragilizado território asiático? Ou teria sido os Hititas, que
tinham invadido a Palestina a partir do Norte, os culpados? E porque não
uma cidade cananeia rival? Sabemos, de facto, que elas nem sempre se
davam bem… O arqueólogo bíblico pode ter certezas relativamente aos seus
achados; estabelecer a ligação com a Bíblia é uma questão bem
diferente. Tem que reunir todas as provas de que dispõe e só se todos
esses elementos convergirem poderá ser possível aventurar-se no sentido
de uma interpretação precisa.
Miniatura em ouro de uma divindade Hitita. |
Os textos escritos.
Felizmente,
a tarefa nem sempre é assim tão árdua, sobretudo quando há documentos
escritos. Mas mesmo sem eles, os dados disponíveis são geralmente
suficientes para chegarmos a conclusões com um grau de certeza bastante
satisfatório. Antes das escavações nos países bíblicos, a história
bíblica era confirmada muitas vezes com recurso a fontes clássicas de
literatura grega e romana como Heródoto, Xénofonte, Flávio Josefo e
Plínio, o Jovem. Se bem que estes autores façam menção dos Babilónios,
Sírios, Egípcios, Moabitas e outros povos citados na Bíblia, não relatam
nada sobre os Hititas da Bíblia. Um grande número de cientistas do
século XIX pensava que os autores bíblicos tinham inventado este povo.
Tal ideia enquadrava-se perfeitamente na atitude céptica que se tinha
adoptado face à Bíblia.
A porta dos leões, em Hatusas, capital dos Hititas. |
Graças
à descodificação dos hieroglifos egípcios e da escrita cuneiforme
mesopotâmica, forma descobertos textos que mencionam o país e o povo de
Hati. Além disso, esse povo estava localizado na região indicada pela
Bíblia, ou seja, entre o Líbano e o rio Eufrates (Josué 1:2-4).
Quando
uma equipa alemã empreendeu escavações em Boghazkoy, na Turquia central,
descobriu Hatusas, a capital do império Hitita, vasto e extremamente
próspero. Agora, os Hititas deixavam de fazer parte de um mistério
oscuro. Depois da destruição da sua pátria e da sua capital, em 1200
a.C., grupos de Hititas habiram em diversas regiões da Síria e da
Palestina, como está descrito na Bíblia. Já não havia lugar para o
cepticismo: as escavações tinham vindo confirmar a veracidade da Bíblia
neste assunto.
Cilindro de Nabucodonosor, contendo ordens de construção. |
O
livro de Daniel descreve a cidade de Babilónia construída por
Nabucodonosor. O rei tinha muito orgulho na sua construção. Durante
muitos anos, os cientistas tiveram a convicção de que o livro de Daniel
só tinha sido escrito alguns séculos depois dos acontecimentos nele
mencionados e que as informações fornecidas por Daniel eram incorrectas.
Pensava-se que Babilónia era obra de vários reis, ao longo de um vasto
período. Nenhuma das fontes clássicas fazia referência às actividades de
Nabucodonosor neste aspecto. Mas aos escavações alemãs em Babilónia,
sobre a direcção de Koldewey, demonstraram que o impressionante sistema
de muralhas, os palácios, os jardins suspensos, a célebre porta de
Ishtar, o zigurate e muitos outros edifícios tinham todos sido
construídos na mesma época, no início do século 6 a.C., precisamente a
época do rei Nabucodonosor. Portanto , Daniel parecia estar mais bem
informado do que se pensava…
Todas
as fontes da Antiguidade que falam do fim do império babilónico
mencionam Nabónido como sendo o último rei. A Bíblia, por sua vez,
fala-nos de Belsazar, um nome inexistente nas fontes clássicas. A
conclusão a que muitos sábios chegaram foi a de que a personagem de
Belsazar, bem como a história da escrita na parede do seu palácio, não
eram nada mais do que pura invenção da imaginação de Daniel. Até ao dia
em que foi encontrado um texto em escrita cuneiforme que descreve um
episódio realmente interessante. Perto do fim do seu reinado, Nabónido,
último rei de Babilónia, deixou a cidade durante uma dezena de anos,
para ir viver num oásis no meio do deserto da Arábia. O texto não diz
qual o motivo. Mas, antes de partir, ele colocou o seu filho no trono
como co-regente. Um outro texto, encontrado um pouco mais tarde,
especifíca que Nabónido tinha um filho chamado Belsazar. Mais uma vez, a
fiabilidade bíblica foi confirmada. Como co-regente, Belsazar foi de
facto rei de Babilónia.
Uma das numerosas tabletes cuneiformes em Tel Mardikh, a antiga Ebla. |
Descoberta em Ebla.Nos
anos 60 e 70, uma expedição italiana fez importantes descobertas na
antiga cidade de Ebla, na Síria. Dezenas de milhares de tabletes de
argila, datando do tempo dos patriarcas, foram descobertas. O
triunfalismo inicial referente às estreitas ligações entre as
descobertas e os relatos bíblicos revelou-se despropositado. Mas isso
não quer dizer que a descoberta não tivesse qualquer interesse para os
arqueólogos bíblicos. Muitos cientistas duvidavam da tese, arqueólogos
bíblicos. Muitos cientistas duvidavam da tese, hoje largamente aceite,
de que os patriarcas viveram no decurso da primeira parte do segundo
milénio antes da nossa era. Eles afirmavam que teriam vivido muito mais
tarde ou até mesmo que seriam fruto da imaginação dos israelitas numa
tentativa de dar uma base histórica ao seu passado.
Através dos séculos, os copistas dos manuscritos bíblicos fizeram um trabalho notável. |
Uma das críticas mais frequentes diz respeito à transmissão do texto bíblico. Seria impossível que este tenha chegado até nós intacto passados tantos séculos, uma vez que centenas de copistas participaram da retranscrição dos manuscristos. Os erros cometidos nas primeiras cópias eram repetidos pelos copistas seguintes, que, por sua vez, cometeram outros erros… Como podemos ter a certeza de que a nossa Bíblia relata correctamente o que os autores queriam transmitir? A descoberta dos célebres manuscritos do Mar Morto lançou uma nova luz sobre a história da transmissão dos textos e sobre o trabalho dos copistas.
Todos os manuscritos encontrados, excepto um, datam do primeiro e do segundo séculos antes da nossa era. São os manuscritos bíblicos mais antigos de que dispomos. Os textos destes manuscritos, alguns séculos mais recentes do que os originais, são extremamente semelhantes aos manuscritos utilizados pelos tradutores das nossas Bíblias actuais.
Há, portanto, muito poucas razões para duvidar da exactidão dos nossos textos bíblicos actuais.
Conclusão.
Este breve resumo das ligações entre a arqueologia e a Bíblia confirma a fiabilidade da Bíblia. É muito raro poder apresentar provas, mas numerosos argumentos vêm explicar ou confirmar. As descobertas arqueológicas nunca virão substituir a fé. O centro da mensagem bíblica – a salvação em Jesus Cristo – não pode ser ilustrado pelas descobertas arqueológicas. Por sua vez, os dados históricos utilizados pelos escritores bíblicos para transmitir a história da salvação podem ser confirmados pela arqueologia. E da fé na historicidade dos eventos bíblicos à fé bíblica na salvação vai apenas um passo…
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