Infelizmente a maçonaria está se tornando algo cada vez mais comum dentro das igrejas.
Como podem pastores que deveriam instruir o povo no caminho de Cristo
fazerem parte de uma organização totalmente anti-cristã e idólatra? O
que devemos fazer em relação a isso?
“Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes
com os demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos
demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos
demônios. Ou irritaremos o Senhor? Somos nós mais fortes do que ele?”
(1Co 10.20-22).
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis. Pois que sociedade tem a justiça
com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que consenso
há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Pois vós sois o santuário
do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei;
e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que saí do meio
deles, e apartai-vos, diz o Senhor. Não toqueis nada imundo, e eu vos
receberei” (2Co 6.14-17).
Por Marcelo Barros - Revista Cristianismo Hoje
A
Maçonaria costuma causar nos crentes um misto de espanto e rejeição.
Pudera – com origens que se perdem nos séculos e um conjunto de ritos
que misturam elementos ocultos, boa dose de mistério e uma espécie de
panaceia religiosa que faz da figura de Deus um mero arquiteto do
universo, ela é normalmente repudiada pelos evangélicos. Contudo, é
impossível negar que a história maçônica caminha de mãos dadas com a do
protestantismo. Os redatores do primeiro estatuto da entidade foram o
pastor presbiteriano James Anderson, em Londres, na Inglaterra, em 1723,
e Jean Desaguliers, um cristão francês. Devido às suas crenças, eles
naturalmente introduziram princípios religiosos na nova organização,
principalmente devido ao fim a que ela se destinava: a filantropia.
O
movimento rapidamente encontrou espaço para crescer em nações de
tradição protestante, como o Reino Unido e a Alemanha, e mais tarde nos
Estados Unidos, com a colonização britânica. Essa relação, contudo,
jamais foi escancarada. Muito pelo contrário – para a maior parte dos
evangélicos, a maçonaria é vista como uma entidade esotérica, idólatra e carregada de simbologias pagãs.
Isso
tem mudado nos últimos tempos. Devido a um movimento de abertura que
atinge a maçonaria em todo o mundo, a instituição tem se tornado mais
conhecida e perde, pouco a pouco, seu aspecto enigmático. Não-iniciados
podem participar de suas reuniões e cada vez mais membros da irmandade
assumem a filiação, deixando para trás antigos temores – nunca
suficientemente comprovados, diga-se – que garantiam que os desertores
pagavam a ousadia com a vida. A abertura traz à tona a uma antiga
discussão: afinal, pode um crente ser maçom?
Na
intenção de manter fidelidade à irmandade que abraçaram, missionários,
diáconos e até pastores ligados à maçonaria normalmente optam pelo
silêncio. Só que crentes maçons estão fazendo questão de dar as caras, o
que tem provocado rebuliço. A Primeira Igreja Batista de Niterói, uma
das mais antigas do Estado do Rio de Janeiro, vive uma crise interna por
conta da presença de maçons em sua liderança. A congregação já estuda
até uma mudança em seus estatutos, proibindo que membros da sociedade
ocupem qualquer cargo eclesiástico.
Procurada pela reportagem, a
Direção da congregação preferiu não comentar o assunto, alegando
questões internas. Contudo, vários dos oficiais da igreja são maçons há
décadas: “Sou diácono desta igreja há 28 anos e maçom há mais de trinta.
Não vejo nenhuma contradição nisso”, diz o policial rodoviário
aposentado Adilair Lopes da Silveira, de 58 anos, mestre da Loja
Maçônica Silva Jardim, no município de mesmo nome, a 180 quilômetros da
capital fluminense. Adilair afirma que há maçons nas igrejas evangélicas
de todo Brasil, dezenas deles entre os membros de sua própria
congregação e dezesseis entre os 54 membros da loja que frequenta: “Por
tradição, a maioria deles é ligada às igrejas Batista ou Presbiteriana.
Essas são as duas denominações em que há mais a presença histórica
maçônica”, informa.
Um dos poucos crentes maçons que se
dispuseram a ser identificados entre os 17 procurados pela reportagem, o
ex-policial acredita que a sociedade em geral, e os religiosos em
particular, nada têm a perder se deixarem “imagens distorcidas” acerca
da instituição de lado. “Há preconceito por que há desconhecimento.
Alguns maçons, que queriam criar uma aura de ocultismo sobre eles no
passado, acabaram forjando essa coisa de mistério”, avalia. “Já ouvi até
histórias de que lidamos com bodes ou imagens de animais. Isso não
acontece”, garante. Segundo Adilair, o único mistério que existe de fato
diz respeito a determinados toques de mão, palavras e sinais com os
quais os maçons se identificam entre si – mas, segundo ele, tudo não
passa de zelo pelas ricas tradições do movimento, que, segundo
determinadas correntes maçônicas, remontam aos tempos do rei hebreu,
Salomão. E, também, para relembrar tempos difíceis. “São práticas que
remontam ao passado, já que nós, maçons, fomos muito perseguidos ao
longo da história”.
Adilair adianta que não aceitaria uma
mudança nos estatutos da igreja para banir maçons da sua liderança.
Tanto, que ele e seus colegas de diaconato que pertencem ao grupo
preparam-se para, se for o caso, ingressar na Justiça, o que poderia
desencadear uma disputa que tende a expor as duas partes em demanda.
Eles decidiram encaminhar uma cópia da proposta do regimento ao
presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz
Zveiter. “Haverá uma enxurrada de ações na Justiça se isso for adiante,
não tenho dúvidas”, afirma o diácono. A polêmica em torno da adesão de
evangélicos à maçonaria já provocou até racha numa das maiores
denominações do país, a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), no início
do século passado (ver abaixo).
O pastor presbiteriano Wilson
Ferreira de Souza Neto, de 43 anos, revela que já fez várias entrevistas
com o intuito de ser aceito numa loja maçônica do município de Santo
André, região metropolitana de São Paulo. O processo está em andamento e
ele apenas aguarda reunir recursos para custear a taxa de adesão,
importância que é usada na manutenção da loja e nas obras de
filantropia: “Ainda não pude disponibilizar uma verba para a cerimônia
de iniciação, que pode variar de R$ 1 mil a cinco mil reais e para a
mensalidade. No meu caso, o que ainda impede o ingresso na maçonaria é
uma questão financeira, e não ideológica” diz Wilson, que é mestre em
ciências da religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e estuda o
tema há mais de uma década.
“Pessoas próximas sabem que sou
maçom e isso inclui vários membros de minha igreja”, continua o
religioso. “Alguns já me questionaram sobre isso, mas após várias
conversas nas quais eu os esclareci, tudo foi resolvido”. Na mesma linha
vai outro colega de ministério que prefere não revelar o nome e que
está na maçonaria há sete anos. “Tenho 26 anos de igreja, seis de
pastorado e posso garantir que não há nenhuma incompatibilidade de ser
maçom e professar a fé salvadora em Cristo Jesus nosso Senhor e
Salvador”, afirma. Ele ocupa o posto de mestre em processo dos graus
filosóficos e diz que foi indicado por um pastor amigo. “Só se pode
entrar na maçonaria por indicação e, não raro, os pastores se indicam”.
Para o pastor, boa parte da intolerância dos crentes em relação à
maçonaria provém de informações equivocadas transmitidas por quem não
conhece suficientemente o grupo.
“Sem caça às bruxas”
Procurados
com insistência pela reportagem, os pastores Roberto Brasileiro e
Ludgero Bonilha, respectivamente presidente e secretário-geral do
Supremo Concílio da IPB, não retornaram os pedidos de entrevista para
falar do envolvimento de pastores da denominação com a maçonaria. Mas o
pastor e jornalista André Mello, atualmente à frente da Igreja
Presbiteriana de Copacabana, no Rio, concordou em atender CRISTIANISMO
HOJE em seu próprio nome. Segundo ele, o assunto é recorrente no seio da
denominação. “O último Supremo Concílio decidiu que os maçons devem ser
orientados, através do Espírito Santo, sem uso de coerção ou força,
para que deixem a maçonaria”, conta Mello, referindo-se ao Documento CIV
SC-IPB-2006, que trata do assunto. O texto, em determinado trecho,
considera a maçonaria como uma religião de fato e diz que a divindade
venerada ali, o Grande Arquiteto do Universo, é uma entidade “vaga”, sem
identificação com o Deus soberano, triúno e único dos cristãos.
O
pastor, que exerce ainda o cargo de secretário de Mocidade do
Presbitério do Rio, lembra que, assim como as diferentes confissões
evangélicas têm liturgias variadas e suas áreas de conflito, as lojas
maçônicas não podem ser vistas em bloco – e, por isso mesmo, defende
moderação no trato da questão. “Vejo algum exagero na perseguição aos
maçons, pois estamos tratando de um problema de cem anos atrás, deixando
de lado outros problemas reais da atualidade, como a maneira correta de
lidar com o homossexualismo”. O pastor diz que há mais presbíteros do
que pastores maçons – caso de seu pai, que era diácono e também ligado à
associação. “Eu nunca fui maçom, mas descobri coisas curiosas, como por
exemplo, o fato de haver líderes maçons de várias igrejas, inclusive
daquelas que atacam mais violentamente a maçonaria. “Não acredito que
promover caça às bruxas faça bem a nenhum grupo religioso”, encerra o
ministro. “Melhor do que aprovar uma declaração contra alguém é
procurá-lo, orar por ele, conversar, até ganhar um irmão.”
O
presidente do Centro Apologética Cristão de Pesquisa (CACP), pastor João
Flávio Martinez, por sua vez, não deixa de fazer sérios questionamentos
à presença de evangélicos entre os maçons. “O fato é que, quando
falamos em maçonaria, estamos falando de outra religião, que é
totalmente diferente do cristianismo. Portanto, é um absurdo sequer
admitir que as duas correntes possam andar juntas”. Lembrando que as
origens do movimento estão ligadas às crenças misteriosas do passado,
Martinez lembra o princípio bíblico de que não se pode seguir a dois
senhores. “Estou convencido de que essa entidade contraria elementos
básicos do cristianismo. Ela se faz uma religião à medida que adota
ritos, símbolos e dogmas, emprestados, muitos deles, do judaísmo e do
paganismo”, concorda o pastor batista Irland Pereira de Azevedo.
Aos
76 anos de idade e um dos nomes mais respeitados de denominação no
país, Irland estuda o assunto há mais de três décadas e admite que
vários pastores de sua geração têm ou já tiveram ligação com a
maçonaria. Mas não tem dúvidas acerca de seu caráter espiritual: “Essa
instituição contraria os mandamentos divinos ao denominar Deus como
grande arquiteto, e não como Criador, conforme as Escrituras”. Embora
considere a maçonaria uma entidade séria e com excelentes serviços
prestados ao ser humano ao longo da história, ele a desqualifica do
ponto de vista teológico e bíblico. “No meu ponto de vista, ela não deve
merecer a lealdade de um verdadeiro cristão evangélico. Entendo que em
Jesus Cristo e em sua Igreja tenho tudo de que preciso como pessoa: uma
doutrina sólida, uma família solidária e razão para viver e servir. Não
sou maçom porque minha lealdade a Jesus Cristo e sua igreja é
indivisível, exclusiva e inegociável.”
Ligações perigosas
Crentes reunidos à porta de templo da IPI nos anos 1930: denominação surgiu por dissidência em relação à maçonaria.
As
relações entre algumas denominações históricas e a maçonaria no Brasil
são antigas. Os primeiros missionários americanos que chegaram ao país
se estabeleceram em Santa Bárbara (SP), em 1871. Três anos depois, parte
desses pioneiros, entre eles o pastor Robert Porter Thomas, fundou
também a Loja Maçônica George Washington naquela cidade. O espaço
abrigou, em 1880, a reunião de avaliação para aprovação ao ministério de
Antônio Teixeira de Albuquerque, o primeiro pastor batista brasileiro.
Tanto ele quanto o pastor que o consagrou eram maçons.
Quando o
missionário americano Ashbel Green Simonton (1833-1867) chegou ao
Brasil, em 12 de agosto de 1859, encontrou, na então província de São
Paulo, cerca de 700 alemães protestantes. Sem ter onde reuni-los,
Simonton – que mais tarde lançaria as bases da Igreja Presbiteriana do
Brasil (IPB) – aceitou a oferta de maçons locais que insistiram para que
ele usasse sua loja, gratuitamente, para os trabalhos religiosos. A
denominação, que abrigava diversos maçons, sofreu uma cisão em 31 de
julho de 1903. Um grupo de sete pastores e 11 presbíteros entrou em
conflito com o Sínodo da IPB porque a denominação não se opunha a que
seus membros e ministros fossem maçons. Foi então fundada a Igreja
Presbiteriana Independente do Brasil (IPI).
Ultimamente, a IPB
vem reiteradamente confirmando a decisão de impedir que maçons exerçam
não só o pastorado, como também cargos eclesiásticos como presbíteros e
diáconos. As últimas resoluções do Supremo Concílio sobre o assunto
mostram o quanto a maçonaria incomoda a denominação. Na última reunião,
ficou estabelecida a incompatibilidade entre algumas doutrinas maçons e a
fé cristã. Ficou proibida a aceitação como membros à comunhão da igreja
de pessoas oriundas da maçonaria “sem que antes renunciem à confraria” e
a eleição, ao oficialato, de candidatos ainda ligados àquela entidade.
Comentários
Postar um comentário
Comente, Questione, Critique, Aconselhe, Tire Dúvidas.
Mas difamações, ataques pessoais, trollagens, xingamentos, atitudes de intolerância, assim como comentários à serviço de militâncias políticas e religiosas não serão aceitos!
Fica reservado ao Blog Filhos de YHWH ou não, de comentários anônimos.