Pular para o conteúdo principal
PAQUISTÃO REVOGA PRISÃO PERPÉTUA PARA CRISTÃOS
Em meados de janeiro deste ano, uma corte paquistanesa
absolveu um cristão preso por “blasfêmia”, justificando
que o acusado era mentalmente instável. Enquanto isso,
outro cristão, que enfrentava a mesma acusação, foi
libertado sob fiança.
O juiz Muhammad Ijaz Chaudhry revogou a sentença de
prisão perpétua de Shahbaz Masih em uma audiência da
Alta Corte de Lahore, realizada no dia 19 de janeiro. A
autoridade citou evidência de que o cristão tinha
problemas mentais. Ele estava encarcerado havia mais de
cinco anos. “O juiz também notou que ninguém havia visto
Shahbaz, 28 anos, cometer o crime”, disse o advogado de
defesa, Khalil Tahir Sindhu.
Shahbaz foi condenado, por uma corte de Faisalabad, a 25
anos de prisão, em setembro de 2004, por, supostamente,
ter rasgado um Alcorão em um cemitério muçulmano naquela
cidade. Embora o psiquiatra Pervez Ahmed tivesse
testificado, sob juramento, que Shahbaz sofria de um
“transtorno bipolar”, ele não se livrou da acusação e
foi condenado, conforme as seções 295A e B do Código
Penal do Paquistão, duas das leis contra a blasfêmia.
Seu advogado de defesa, porém, contou à agência de
notícias Compass Direct que planejava assegurar a
libertação de seu cliente da ala psiquiátrica da prisão
de Faisalabad, onde Shahbaz está preso desde o dia 4 de
junho de 2001.
“Buscarei Shahbaz amanhã e o levarei para um lugar
secreto”, disse Khalil, enfatizando que a vida de seu
cliente podia estar em perigo, porque radicais
muçulmanos ficaram irados com o veredicto.
Ameaças de grupos radicais forçaram a família de Shahbaz
a se esconder por várias vezes durante o caso. Mais de
sessenta clérigos armados estavam presentes na audiência
final do caso, em 2004, cantando lemas e elogiando o
juiz e a lei islâmica quando Shahbaz foi condenado.
Khalil continua sem saber se Shahbaz voltará para seus
pais e seus cinco irmãos, que moram em Lahore. Católico,
o advogado disse que espera que o seu cliente possa
obter status de refugiado no exterior.
Cristão em perigo
Na mesma semana, outro cristão em Faisalabad se escondeu
enquanto esperava a decisão da corte sobre as acusações
de ele ter profanado o Alcorão. Estamos nos referindo a
Shahid Mashih.
O juiz de Faisalabad, Muhammad Tanveer Akbar, concedeu
fiança a Shahid Masih, afirmando que a evidência contra
ele foi apenas “circunstancial”. Khalil também é o
advogado de Shahid nesse caso.
A organização de auxílio legal de Khalil, Truste ADAL,
divulgou que a fiança para libertar o jovem de 17 anos
foi paga com a escritura de uma propriedade no valor de
100 mil rúpias ($1644 dólares).
“Mesmo depois de obter a fiança, não me sinto seguro,
por isso tenho de viver escondido”, Shahid contou ao
Compass por telefone.
Os radicais muçulmanos acompanham o caso do cristão
desde que ele e um amigo muçulmano foram acusados de
rasgar páginas de um livro que continha versos do
Alcorão e suas traduções em urdu, em setembro último.
“Ele está correndo risco de morte, porque os extremistas
são muito instáveis e acham injusto que Shahid tenha
obtido fiança depois de sua detenção”, disse o advogado
Khalil. E adicionou que o jovem e a sua família
conseguem se encontrar secretamente à noite.
Shahid é um dos únicos suspeitos de blasfêmia cristãos
paquistaneses a obter fiança pós-detenção de uma corte
de primeira instância. A maior parte dos presos por
blasfêmia passa anos na prisão antes que um juiz decida
o destino deles.
“Geralmente, não pedimos fiança por razões de
segurança”, comentou Peter Jacob, secretário-executivo
da Comissão Nacional de Justiça e Paz. Peter,
especialista em casos de blasfêmia, apontou que os
suspeitos cristãos de blasfêmia estão freqüentemente
mais seguros em prisões com proteção policial.
Contudo, mesmo na prisão, os suspeitos de blasfêmia
podem enfrentar perigo. “Quando fui enviado para a
prisão, fui agredido por um detento antes de ser
colocado em uma cela isolada”, contou Shahid ao Compass.
A mãe de Shahid está com depressão desde o dia em que
seu filho foi para a prisão. “Estou muito doente, mas
estou feliz em vê-lo”, contou Alice Masih ao Compass.
O advogado Khalil não cobra muito de seus clientes,
prisioneiros por blasfêmia. Mas, por causa de seu
trabalho, ele e sua família têm enfrentado ameaças
contínuas. A esposa e os filhos do advogado tiveram de
se esconder temporariamente para evitar prováveis
ataques.
Recentemente, o ministro do Estado, Tariq Azim, insinuou
que as “minorias ouviriam ‘boas-novas’ sobre as emendas
da lei contra blasfêmia no Natal”. O ministro estava se
referindo ao Natal de 2006 e essa informação foi
veiculada pelo jornal Daily Times, em 25 de dezembro
daquele ano. As emendas ainda devem se concretizar.
Oremos para que isso de fato ocorra!
Nota:
1 O “urdu” é uma língua indo-européia da família
indo-ariana que se formou sob influência persa, turca e
árabe no Sul da Ásia durante a época do sultanato de
Deli e do Império Mogol (1200-1800).
Fonte:
Portas Abertas
Comentários
Postar um comentário
Comente, Questione, Critique, Aconselhe, Tire Dúvidas.
Mas difamações, ataques pessoais, trollagens, xingamentos, atitudes de intolerância, assim como comentários à serviço de militâncias políticas e religiosas não serão aceitos!
Fica reservado ao Blog Filhos de YHWH ou não, de comentários anônimos.