Tradição local durante festival de inverno mostra o ressurgimento do paganismo. A antiga tradição de oferendas a deusas pagãs europeias (as Perchten) consideradas bruxas nocivas e perigosas para a alma cristã parece estar de volta. Em uma Europa que cada vez mais rejeita sua tradição cristã, este ano voltaram com força total às ruas de Salzburgo (Suíça) e no Tirol (Áustria).
Máscaras com feições demoníacas são usadas em procissões e festas nas regiões montanhosas da Áustria e Suíça. Isso faz parte dos costumes tradicionais de Natal, e para espantar os espíritos que trazem o inverno. Até o século 16, a tradição dizia que as Perchten tinham duas apresentações: as bonitas e benévolas (Schöne Perchten) e as feias e escuras (Finster Perchten). Enquanto as primeiras eram adornadas com fitas, correntes douradas, folhagens e flores, as outras se mostravam com garras, presas afiadas, chifres e peles de animais.
A tradição mostra que homens vestidos de “perchten escuras” devem visitar as casas fazendo muito barulho para afugentar os maus espíritos. As pessoas recebem uma mistura de cinzas e farinha de milho, alimento que representa o poder de regeneração, da vida após a morte.
Os turistas estrangeiros que visitarem o Tirol austríaco este ano viram um dos indícios do ressurgimento do paganismo europeu. Centenas de pessoas vestidas como demônios, cobertos da cabeça aos pés com peles de animais e usando máscaras de madeira, mais pareciam membros de algum tipo de culto ao diabo. Durante os dias do festival, mais de 500 adultos e crianças corriam pelas ruas da cidade.
A explicação é a tentativa de reiniciar um costume local que iniciou perto do ano 500 dC. Naquela época, os agricultores realizavam ritos pagãos para dispersar os “fantasmas do inverno” e ajudavam a trazer uma colheita proveitosa. Eles pensavam que poderiam trabalhar com máscaras aterrorizantes e, com isso, assustar os espíritos que traziam o inverno e matavam as colheitas com a geada.
Em Scheffau, no Tirol, Barbara Trenkwalder, dona de um curtume local, disse que eles produzem exclusivamente os figurinos com peles de ovinos e caprinos. São usadas de 11 a 14 ovelhas para se confeccionar um traje.
Markus Spiegel é um artesão local especializado nas máscaras do festival, que também são vendidas aos turistas como souvenir. Ele trabalha arduamente em sua oficina, em Pfaffenhofen. A produção de uma máscara leva quase 15 horas, segundo seus cálculos. E ele já vendeu todas que produziu este ano. Traduzido de Reuters.
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