Uma semana antes do discurso do presidente palestino
Mahmoud Abbas na ONU, no qual deverá pedir o reconhecimento
internacional do Estado palestino, o Exército israelense e
as forças de
segurança da Autoridade Palestina intensificam os preparativos para
diversos possíveis cenários de violência e aumentam seus arsenais de
armas não letais.
Analistas locais dizem que não se pode prever o
que vai acontecer nos territórios palestinos após a fala de Abbas na
Assembleia Geral da ONU, mas não descartam a possibilidade de grandes
manifestações de civis palestinos, que podem entrar em choque com as
tropas e os colonos israelenses.
O Exército israelense vem se preparando, há meses, para a eclosão de protestos logo depois do discurso de Abbas.
Para isso, as tropas israelenses na Cisjordânia
se armaram com grandes quantidades de armas não letais, especiais para a
dispersão de manifestações.
Israel também desenvolveu novos tipos de armas de dispersão de manifestantes, duas delas chamadas de "gambá" e "o grito".
A primeira consiste em uma substância química
com um forte cheiro de cadáveres em avançado estado de putrefação. A
substância é misturada com água e lançada de canhões de água contra
manifestantes.
O cheiro fica impregnado na pele e nas roupas das pessoas atingidas e demora dias para passar.
A arma denominada "o grito" consiste de
aparelhos sonoros que emitem um ruído considerado insuportável para os
ouvidos humanos, que faz com que as pessoas queiram se afastar o mais
rápido possível da fonte do barulho.
Tanto o "grito" como o "gambá" já foram
utilizados contra manifestantes na Cisjordânia, que protestam
semanalmente contra a construção da barreira israelense nas aldeias de
Bilin e Nahalin.
Choques
De acordo com o jornal israelense Haaretz,
as forças de segurança da Autoridade Palestina recorreram a empresas
israelenses e também encomendaram armas não letais, que serão utilizadas
para conter possíveis choques entre manifestantes palestinos e as
tropas ou os colonos israelenses na Cisjordânia.
Abbas e Netanyahu, em foto de arquivo; dois lados preparam arsenais não letais para conter protestos
O governo de Israel autorizou a entrega, à
Autoridade Palestina, de balas de metal revestidas com borracha,
granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo. O objetivo é que a polícia
palestina tente impedir que manifestantes se aproximem dos principais
pontos de atrito com Israel, como os assentamentos, os pontos de
controle militares e o muro israelense na Cisjordânia.
As forças de segurança dos dois lados também
manifestaram preocupação com eventuais atos de provocação por parte de
colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia, o que poderia
"atear fogo à região inteira".
Alguns desses grupos, formados por terceiras e
quartas gerações de colonos, têm praticado atos dirigidos contra civis
palestinos, ativistas de esquerda israelenses ou mesmo contra as tropas
israelenses na Cisjordânia.
Nas últimas semanas, grupos cometeram atos de
vandalismo em duas mesquitas palestinas na Cisjordânia e na entrada do
apartamento de uma das líderes do movimento pacifista israelense Paz
Agora, em Jerusalém.
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