Mais recentemente, o temor do fim do mundo ressurgiu em forma de catástrofe ecológica, de "inverno nuclear" ou de asteróide gigante. "Cada mundo parece provisório. Antes do monoteísmo, as civilizações temiam que estes ciclos naturais acabariam um dia. Muitos ritos estavam associados a este medo", explica à AFP o historiador Bernard Sergent, autor do livro "La fin du Monde" (O Fim do Mundo, em tradução literal).
O mito do dilúvio universal é um dos mais antigos, anterior ao da Arca de Noé do Antigo Testamento, destacou. Já aparece, por exemplo, na epopeia da origem suméria "Gilgamesh", considerada a narrativa escrita mais antiga da História. Foi escrita em tábuas de argila, aproximadamente 13 séculos antes da nossa era.
Na África ocidental, o mito mais generalizado é o da abóbora gigante que devora aldeias e inclusive a humanidade inteira. O mito do fogo universal existe na Grécia, na Escandinávia, na Índia e nas culturas pré-hispânicas. Os astecas evocavam quatro catástrofes sucessivas, causadas pela água e pelo fogo.
Com as religiões monoteístas, prosperaram os profetas do Apocalipse, uma palavra que vem do grego "revelação". Na Bíblia, o Apocalipse segundo o apóstolo São João, também conhecido como o Livro das Revelações, descreve uma série de cataclismos e dramas cósmicos que destroem uma parte da Terra e os astros.
"O que está em jogo nestes eventuais finais do mundo é a nossa responsabilidade frente aos deuses ou à natureza e os castigos desencadeados por ter desafiado uma ordem que nos supera", destaca Jean-Noel Lafargue, autor do livro "Les fins du monde de l'antiquité à nos jours" (Os fins do mundo, da antiguidade aos nossos dias, tradução literal). "Antes, Deus punia os homens ou os recompensava. Hoje, não precisamos de deuses, as catástrofes causadas pelo homem bastam", disse.
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