AUTOR DO LIVRO CRIMES SATÂNICOS É PROCESSADO

Seita satânica processa autor do livro 

CRIMES SATÂNICOS

 Exclusivo. A seita que mutilava crianças em rituais satânicos foi julgada no Pará. Depois de quase quinze anos, o caso volta à tona. Muitos já haviam até esquecido. Todavia, como o ditado diz: “a justiça tarda, mas não falha”.Denuncia.

Já denunciamos diversos casos de grupos que apresentam riscos à ordem social. E, por conta disso, entendemos que estamos vivendo um momento delicado. Os pais, por sua vez, devem manter vigilância constante sobre suas crianças e, sobretudo, suplicar a proteção divina.
 
A seita que mutilava crianças em rituais satânicos foi julgada no Pará. Depois de quase quinze anos, o caso volta à tona. Muitos já haviam até esquecido. Todavia, como o ditado diz: “a justiça tarda, mas não falha”.
 
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O mês de setembro foi marcado pelo julgamento dos cinco acusados de seqüestrar, torturar, castrar e matar cinco crianças em Altamira, no Pará, entre 1989 e 1993. O fato que marcou o início do julgamento foi a leitura de alguns trechos do livro Deus, a grande farsa, da vidente Valentina de Andrade, uma das principais acusadas. A autora é, supostamente , a fundadora da seita Lineamento Universal Superior, que surgiu em 1984, na cidade de La Plata, Argentina. Atualmente, a LUS possui cerca de trezentos fiéis no Brasil, Argentina e Uruguai.
Valentina de Andrade era católica e dizia ouvir vozes que lhe pediam para que parasse de rezar. Supostamente, as vozes eram de extraterrestres. Nas mensagens, os ETs pregavam o fim do mundo e diziam que só os adeptos da seita se salvariam, resgatados por naves espaciais.
O livro Deus, a grande farsa, considerado a “bíblia” do grupo, mistura ufologia com ataque ao cristianismo e a todas as demais religiões. Na obra, a vidente afirma ser Maria Madalena e que acompanhou Jesus ao longo de toda a “via dolorosa”. No trecho que mais interessa à acusação, a vidente afirma: “Acautelem-se com as crianças, elas são instrumentos inconscientes da grande farsa chamada Deus e seus nefastos colaboradores”.
Valentina e seu marido, o argentino José Teruggi, que reivindica no livro ter recebido mensagens de extraterrestres que lhe dão conhecimento exclusivo e universal, são suspeitos de participar de rituais satânicos, com sacrifício de crianças, por considerá-las encarnação de demônios. José Teruggi chegou a ter sua prisão decretada, entretanto, nada ficou provado. Testemunhas dizem que Valentina se mudou para Buenos Aires, onde continuou a ser seguida por alguns fiéis, apesar de ter perdido vários deles. Isso porque esses antigos seguidores caíram em si quanto à farsa que vinham sendo submetidos.
O motivo das suspeitas foi o fato de Valentina possuir riquezas sem apresentar qualquer ocupação que as justificasse. A líder da seita mudou de residência várias vezes e não se negou a uma viagem para Las Vegas.
O caso ganhou conotação de escândalo com o desaparecimento do menino Evandro, de sete anos, no dia 6 de abril de 1992, em Guaratuba. O garoto desapareceu no trajeto entre sua casa e a escola. Dias depois, seu corpo foi encontrado num matagal, sem cabelos, mãos, dedos dos pés e órgãos internos. Segundo denúncias, Evandro foi morto num ritual de magia negra um dia depois de ser seqüestrado na serraria do então prefeito da cidade, Aldo Abagge. Sete pessoas foram detidas, acusadas de participar do crime. Entre elas, a mulher do prefeito, Celina, e sua filha, Beatriz. As duas confessaram ter encomendado o ritual para trazer “fortuna e justiça” para a família.
Autoridades responsáveis concluíram que os crimes foram cometidos pela líder da seita. De acordo com a Associação American Family Foundation, que estuda os crimes cometidos em nome de crenças religiosas, os seguidores da seita praticam magia negra e, durante os rituais satânicos, usam roupas inspiradas na Ku Klux Klan, maior símbolo da intolerância racial da história dos Estados Unidos.
A ligação do delírio esotérico com a castração de meninos na Amazônia passa por Valentina. Segundo consta do processo, ela morava em Londrina, no Paraná, e levou, em 1987, um grupo de pessoas a Altamira, para uma reunião, lugar em que mora o seu ex-marido, Duílio.
Em 1990, Valentina teria sido vista por uma testemunha participando de uma sessão de magia negra na casa do médico Anísio Ferreira de Souza, que também é acusado. Na cerimônia, os presentes usavam batas pretas e capuzes, faziam orações estranhas e falavam, principalmente, da “maldade das crianças”.
O Estado do Pará e suas vítimas

Seqüestrados nas ruas e operados à força por pessoas que lhes extirparam os órgãos genitais, as vítimas destas atrocidades passaram a ser conhecidas como os “emasculados de Altamira”. Viveram a infância e a adolescência com graves problemas psicológicos e tiveram de passar por cirurgias para enxertos e implantação de próteses. A pressão era tanta que até falaram em suicídio.
Otoniel, um dos sobreviventes, hoje com 23 anos, mora com a irmã, trabalha e namora há mais de um ano, mas é uma pessoa desconfiada e arredia.
— Eu me lembro de tudo, como se fosse hoje. Da hora em que saí de casa, da hora em que a pessoa estava me cortando, até chegar ao hospital — diz Otoniel, em entrevista.
Wandiclei, 22 anos, é revoltado com a brutalidade das brigas que presenciou. Acabou se envolvendo com gangues em Belém, passou a beber e a usar drogas e chegou a assaltar. Com o apoio de assistentes sociais, voltou a estudar e, há dois anos, vive com uma moça.
Os dois sobreviveram, porém, seis crianças, com idades entre oito e treze anos, morreram, depois de emasculadas. Algumas foram vítimas de sodomia, outras tiveram o ânus cortado à faca, numa seqüência de crimes que horrorizou o país nos anos 90. Cinco meninos estão desaparecidos até hoje. Outros cinco conseguiram escapar de seus raptores.
Além de Valentina e Anísio, o médico Césio Flávio Caldas Brandão, o ex-soldado da Polícia Militar, Carlos Alberto S. Lima e Amaílton Madeira Gomes, filho de um rico comerciante de Altamira, são acusados de envolvimento nos crimes.
O médico foi visto por uma testemunha — Agostinho Costa — num matagal próximo ao local em que foi encontrado o corpo de uma das vítimas. Ele levava um facão sujo de sangue e uma vasilha de isopor nas mãos. Foi acusado ainda do estupro de uma menina.
O filho do empresário era o dono de um carro que foi visto nas imediações do local em que foram encontrados os corpos e, segundo sua empregada, chegou em casa algumas vezes com a roupa suja de sangue.
O ex-PM, que está preso, trabalhava para o pai de Amaílton e foi reconhecido por Otoniel como o homem que o raptou, dopou e levou para o mato.
O advogado de Valentina tentou um habeas-corpus no Supremo Tribunal Federal para livrá-la do julgamento.
Embora tenham ocorrido dezenove casos, o julgamento, no entanto, realizado em setembro, diz respeito apenas ao dos dois sobreviventes e de três crianças assassinadas. Os crimes foram cometidos em série, mas a polícia nunca conseguiu concluir os inquéritos das outras mortes. Há outros processos em andamento no Maranhão, onde 22 crianças foram emasculadas a partir de 1991. O último caso ocorreu em fevereiro de 2002.
Após o julgamento
O médico Anísio Ferreira de Souza, julgado por co-autoria dos crimes de tortura, morte e mutilação dos meninos de Altamira em rituais satânicos, foi condenado a 77 anos de prisão em regime fechado.
Valentina de Andrade, acusada de comandar a seita, foi presa quando se apresentou ao Tribunal do júri, em Belém, após tentativa de fuga para Buenos Aires. Na saída do Tribunal, ela enfrentou a revolta da família das vítimas. Foi levada para o Centro de Recuperação feminina, onde vai ocupar uma cela individual e ficará aguardando julgamento.
Dos cinco acusados, três já foram julgados. O comerciante Amailton Madeira Gomes e o ex-policial Carlos A. Santos foram condenados pelo júri popular a 57 e 35 anos de prisão, respectivamente. “O jurado conseguiu entender que tudo aconteceu graças a Valentina de Andrade, que plantou uma célula da sua seita satânica em Altamira”, comentou o assistente da promotoria, Clodomir Araújo.
Um reino de trevas
Tudo isto nos faz crer que, cada vez mais, o mundo precisa de Deus. O papel da Igreja é interceder pelo mundo que, sem forças para resistir a essas investidas, encontra na LUS, e em outras seitas até mais absurdas, a resposta para seus males.
Fica claro também que as seitas são um perigo, uma ameaça à sociedade, não só no aspecto sobrenatural, mas em todos os sentidos. O fanatismo religioso já levou milhares de pessoas à desgraça. Como exemplos, casos famosos como os de David Koresh e de Jim Jones, nos EUA, onde centenas de pessoas foram mortas por causa de uma liderança insana.
Já denunciamos diversos casos de grupos que apresentam riscos à ordem social. E, por conta disso, entendemos que estamos vivendo um momento delicado. Os pais, por sua vez, devem manter vigilância constante sobre suas crianças e, sobretudo, suplicar a proteção divina.
Afinal, nossas crianças não são encarnações do mal, mas, participantes da graça divina. “Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus”, foi o que disse Jesus (Mt 19.14).
Fontes:
O Estado do Paraná
O Estado de S. Paulo
Tribuna do Paraná
Jornal O Globo
Apologetics Index
Institute of Hispanic Ufology Special
Prof. João Flávio Martinez
É fundador do CACP, graduado em história e professor de religiões.
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