A DINVIDADE DE JESUS CRISTO - PARTE 2

O que os relatos do Evangelho ensinam?
 
Os relatos do Evangelho não fornecem biografias completas da vida de Jesus. Eles, contudo, dão eventos relevantes, atos, declarações ensinamentos de Jesus enquanto ele vivia nesta terra. Portanto, é apropriado considerar o testemunho destes registros. Ensinam eles que Jesus é divindade? Nem todos os registros dão o mesmo destaque aos atos e ensinamentos que outros. Cada evangelho foi escrito por propósito pretendido e para uma audiência especial. Diferentes ângulos são considerados nos ensinamentos de Jesus, e diferentes fatos são enfatizados.

As declarações de Jesus. Conquanto Jesus não tenha feito nenhuma declaração explícita de que era Deus, ele de fato fez declarações que definitivamente o identificavam como Deus. Tomadas em conjunto, elas apóiam uma questão para o entendimento de Jesus, que ele é Deus.

a. Ele declarou ter uma relação inigualável com o Pai. Ele não declarou apenas crer ou amar a Deus; ele declarou que ele e o Pai eram um (João 10:30). Ele não se referiu a si mesmo como um filho de Deus, mas o Filho de Deus. João 5:17-18 registra uma ocasião quando Jesus tinha feito um milagre justamente no sábado. Ele disse aos judeus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Isto enfureceu os judeus, por isso “ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”. Eles entenderam que Jesus estava alegando ter uma relação com o Pai num sentido incomparável, e creram que isto era blasfêmia, pois ele estava “fazendo-se igual a Deus”.

b. Ele declarava ter autoridade para perdoar pecados. Marcos 2 registra quando Jesus, confrontado com um homem paralítico, simplesmente disse: “Filho, teus pecados são perdoados”. Os judeus pensaram que isto era errado, pois ninguém “pode perdoar pecados a não ser Deus somente”. De modo a provar que ele tinha autoridade para perdoar, Jesus curou o homem. O direito a perdoar pecados é um direito divino.

c. Ele se declarou sem pecado (João 8:29,46; 18:23). Outras passagens bíblicas apóiam esta declaração (Hebreus 4:15), que põe Jesus em nítido contraste com todos os outros, pois pecaram (Romanos 3:23).

d. Ele declarou ter autoridade para julgar o mundo (João 5:25-27). Ele disse que suas palavras haveriam de julgar no último dia (João 12:48). Ou ele se entendia como Deus, ou era o homem mais convencido e arrogante que jamais viveu.

e. Ele declarou falar as próprias palavras de Deus. Ele disse: “Minhas palavras não passarão” (Mateus 24:35). Ele colocou suas próprias palavras em igualdade com as palavras de Deus.

f. Ele declarou ser o único caminho para a salvação. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (João 14:6). Não se pode ficar neutro diante de uma declaração como esta. Ela é estreita e exclusiva. Mais tarde, os apóstolos testemunharam que não há outro nome dado pelo qual podemos ser salvos (Atos 4:12). Se não, a Bíblia está afirmando salvação através de alguém que não tem direito a declarar ser o único caminho até Deus.

g. Ele declarou ser o Autor e Doador da vida. “O Filho do homem dá vida a quem ele quer” (João 5:21). Ele se chamou o “pão da vida” (João 6:48), e a “ressurreição e a vida” (João 11:25).

h. Jesus exigiu a mais alta lealdade da humanidade. Ele disse que seus seguidores têm que negar a si mesmos e segui-lo (Lucas 9:23). Ele disse a seus seguidores que eles têm que amá-lo acima de tudo o mais, incluindo membros da família (Lucas 14:26; Mateus 10:34-39). Se Jesus não pensasse que ele era Deus, o que mais poderia ele estar pensando?

i. Ele declarou cumprir todas as profecias do Velho Testamento a respeito do Messias. (Lucas 24:44). Considerando quantas profecias há sobre o Messias, esta é uma admirável declaração. Uma vez que, conforme já foi demonstrado, o Velho Testamento liga o Messias a Yahweh, então a declaração de Jesus de ser o Messias é também uma declaração de divindade.

j. Jesus declarou ser Deus. Ao falar aos judeus sobre Abraão, Jesus disse: “Antes que Abraão fosse, eu sou” (João 8:58). Isto levaria os judeus de volta ao tempo quando Yahweh falou a Moisés no arbusto ardente, declarando ser “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Por causa desta declaração os judeus pegaram pedras para atirar em Jesus, pois eles sabiam as suas implicações. Nesta afirmação, Jesus estava declarando existência eterna e auto-suficiência. Se ele não fosse Deus, então isto realmente seria blasfêmia.

Estas declarações demonstram o ensinamento bíblico que Jesus tinha uma consciência messiânica e divina. Rejeitar todas elas como sendo sobrepostas a Jesus por discípulos ulteriores não é consistente com a evidência, e retrata os discípulos ulteriores como sendo tão espertos e fraudulentos que se torna difícil imaginar. Estas declarações são sutis, ainda que fortes. Tomadas em conjunto, elas argumentam que Jesus declarou ser Deus.

As obras de Jesus. Não era suficiente para Jesus fazer declarações espetaculares. Ele precisava apoiar o que dizia. Este era o propósito das obras dele. Em João 5, Jesus afirmou que seu próprio testemunho, por si só, não seria válido. 

Ele defendeu-se apelando para outros testemunhos. Um destes testemunhos são as obras que ele realizava: “as obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de que o Pai me enviou” (João 5:36). Nicodemos tinha vindo antes a Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (João 3:2). 

Mais tarde, Jesus disse aos judeus: “Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes, crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está em mim, e eu estou no Pai” (João 10:37-38). João 20:30-31 afirma que as obras que Jesus fez tinham a intenção de acender a fé naqueles que sabiam delas. 

Pedro disse a alguns judeus no Pentecostes que Jesus era “varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis” (Atos 2:22). É impossível separar Jesus de suas atividades. Os milagres e as obras que Jesus fez são inseparavelmente ligados com sua vida na terra; e não podem ser rejeitados simplesmente por serem milagrosos.

Jesus fez diferentes tipos de milagres, mas podem todos ser classificados em três categorias: milagres sobre a natureza (p. ex., acalmando a tempestade), milagres de curas físicas (p. ex., curando o homem paralítico), e milagres de ressurreição (p. ex., Lázaro). Houve muitas testemunhas da maioria destes milagres. Mesmo os inimigos de Jesus os admitiam. 

O ponto aqui é que a Bíblia ensina que Jesus operou milagres de modo a apoiar suas declarações. Portanto, o que quer que seja que Jesus declarou, de acordo com a Bíblia, foi provado por suas obras. Desde que suas declarações implicam, direta ou indiretamente, que ele é Deus, então as obras que ele fez verificam isto e a proposição deste estudo é verdadeira: a Bíblia ensina a divindade de Jesus Cristo.

A aceitação de adoração. Outra importante prova bíblica da divindade de Jesus é sua aceitação de adoração. A Bíblia ensina que o único que deve ser adorado é Deus. O próprio Jesus reconheceu isto (Mateus 4:10). Conquanto seja possível para alguém que não é Deus aceitar adoração, a aceitação de adoração por Jesus mostra, pelo menos, que ele pensava ser divino. Muitos exemplos disto são dados nos relatos do evangelho (cf. Mateus 8:2; 9:18; 14:33; 28:9,17). Merecem observação especial três passagens do Novo Testamento ligadas com isto:

a. João 5:23. Jesus afirmou que todos deverão honrar o Filho (Jesus) exatamente assim como ele honrava o Pai. Se ele não pensasse que era Deus, então ele era culpado de blasfêmia. Esta afirmação sozinha demonstra o ensinamento bíblico da divindade de Jesus. Para que alguém declare que merece a mesma honra que o Pai, teria que ser Deus, ou teria que ser um mentiroso.

b. João 20:28. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos. Tomé não estava presente no primeiro aparecimento, e duvidou que Jesus tivesse realmente sido visto. Quando Jesus apareceu novamente, Tomé viu e fez a seguinte afirmação a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus”. Não há indicação de que Jesus tentasse corrigir isto. Jesus aceitou esta adoração, tanto como a referência a sua divindade. De fato, ele respondeu a Tomé: “Porque tu me viste, acreditaste?” (20:29).

c. Hebreus 1:6. Referindo-se a Jesus, o texto diz: “Que todos os anjos de Deus o adorem”. Esta instrução é dada pelo Pai. A Bíblia mostra que os anjos sabiam que o único que poderiam adorar corretamente era Deus. (Apocalipse 19:10). Se lhes é dito por Deus para adorarem Jesus, então esta é uma clara implicação do ensinamento de que Jesus é Deus.

A ressurreição. Se há um evento no qual todo o ensinamento bíblico repousa, é a ressurreição. Pela ressurreição, Jesus foi “designado Filho de Deus com poder” (Romanos 1:4). Este é o único milagre na Bíblia que, se historicamente verdadeiro, valida a possibilidade de todos os outros milagres, e a história como registrada na Bíblia. Por esta razão, é uma das questões mais acaloradamente debatidas. Os revisionistas têm buscado várias explicações para o corpo de Cristo desaparecido do túmulo. 

“A ressurreição é excluída a priori do tribunal porque ela transcende tempo e espaço. Os historiadores têm então que arranjar outra razão para explicar as origens do cristianismo” (Woodward 65). Um estudioso do Novo Testamento argumentou que a ressurreição é uma “fórmula vazia” que precisa ser rejeitada por alguém que tenha um “ponto de vista científico” (Woodward 62). Assim, alguns, como Crossan, argumentam que o corpo de Jesus foi devorado por cães selvagens. 

Outros dizem que ele apenas pareceu estar morto. Outros argumentam que seu corpo apodreceu no túmulo, e que os discípulos foram à sepultura errada. Então alguns argumentam que os aparecimentos de Jesus foram somente experiências psicológicas, “um êxtase de massa”. É interessante que, na busca pelo Jesus “histórico,” estudiosos especulem sobre estas coisas para as quais eles não têm evidência histórica concreta, objetiva. Ainda assim, esperam que esqueçamos a evidência bíblica e aceitemos as especulações.

Contudo, como muitos outros argumentam, há forte evidência histórica para a declaração de Jesus de ser o Messias, e para sua ressurreição corporal (cf. Ostling e Towle 58). Para descartar definitivamente a evidência bíblica por causa da suposição de que milagres como a ressurreição não poderiam ter ocorrido reflete falta de investigação honesta de matérias históricas. Testemunhas oculares declaram ter visto Jesus vivo depois que ele tinha morrido. 

O corpo tinha sumido do túmulo depois do sepultamento, e “nenhuma explicação natural convincente é disponível para responder por este fato” (Craig 280). Na verdade, qualquer outra explicação envolverá necessariamente especulação, pois não há nenhuma evidência contemporânea primitiva crível que responda pelos fatos de outra maneira. Se alguém está indo buscar o Jesus histórico, então os registros do evangelho têm que ser trazidos para testemunho, pois não tem havido “nenhum dado novo sobre a pessoa de Jesus desde que os Evangelhos foram escritos” (Woodward 70).

A evidência histórica é suficientemente maciça para convencer o investigador de mente aberta. Por analogia com qualquer outro evento histórico, a ressurreição tem evidência eminentemente crível por trás dela. Para desacreditar, precisa-se deliberadamente fazer exceção às regras que se usam em toda parte na história. Agora, porque alguém haveria de querer fazer isso? (Kreeft e Tacelli 197).

A ressurreição atesta a identidade de Jesus. Ela declara, com poder, que Jesus foi o Filho de Deus (Romanos 1:4). A Bíblia usa a ressurreição para reforçar a crença em Jesus como o Filho de Deus. Os discípulos que ficaram grandemente desalentados com a morte de Jesus, ficaram convencidos de que Jesus se levantou e se mostraram, subseqüentemente, dispostos a morrer para pregar isso. De todos os milagres e notáveis eventos registrados na Bíblia, a ressurreição é o mais significativo. 

Se ela não aconteceu, então aqueles que dedicam suas vidas a Jesus fazem-no em vão (1 Coríntios 15:12-19). Se ela, de fato, aconteceu, “valida sua declaração de ser divino e não meramente humano, pois a ressurreição da morte está além do poder humano; e sua divindade convalida a verdade de tudo o mais que ele disse, pois Deus não pode mentir” (Kreeft e Tacelli 176).

Títulos atribuídos a Jesus

Jesus se refere a si mesmo por vários títulos, e outros escritores do Novo Testamento se referem a ele por vários descrições. Estas referências a Jesus demonstram uma alta Cristologia na Bíblia. Elas mostram tanto a concepção que Jesus faz de si mesmo como os pontos de vista de outros sobre ele. Esta parte discutirá quatro dos importantes e debatidos títulos, bem como descrições que foram usadas para Jesus, tanto nos relatos do Evangelho como nas epístolas.

Filho de Deus. A Bíblia se refere freqüentemente a Jesus como o Filho de Deus. Ainda que Jesus não usasse isto para referir a si mesmo, ele de fato falou de tal modo que apoiaria seu entendimento de que ele era o Filho de Deus (João 5:17-19). Alguns tomaram a frase “Filho de Deus” para significar que Jesus era o “descendente” de Deus. Ela é usada, então, para dizer que a Bíblia ensina que Jesus foi um ser criado. 

Contudo, a frase “filho de” é aberta para diferentes significados na Bíblia. Ela pode significar “descendente”, porém não necessariamente em todo contexto. Ela pode também ter o significado de identidade, aquele que compartilha da mesma natureza ou exibe as mesmas características que outro. Por exemplo, Jesus se referiu a Tiago e João como “filhos do trovão” (Marcos 3:17). Ele falou de “um filho de paz” (Lucas 10:6). Judas foi mencionado como o “filho da perdição” (João 17:12). Portanto, “filho de” nem sempre traz uma idéia física, literal, de “descendente.”

Com respeito a Jesus, Filho de Deus significa “aquele que tem as características essenciais e a natureza de Deus” (Louw e Nida 141). Quando Jesus declarou ser o Filho de Deus, ele estava declarando ter uma relação inigualável com o Pai. Os judeus entenderam que Jesus quis dizer que ele era “igual a Deus” (João 5:17-18; 10:30-38). Assim, ao afirmar que Jesus é o Filho de Deus, está-se afirmando que Jesus compartilhou da mesma natureza que o Pai. Ele é, em essência, “Deus o Filho.” Jesus é o Filho de Deus naquele muito inigualável sentido que ele é uno com o Pai. Isso nada tem a ver com sua origem.

Filho do Homem. Jesus referiu a si mesmo freqüentemente como o “Filho do Homem”. Isso é usado cerca de 82 vezes nos Evangelhos. A primeira impressão que se tem do uso deste título é que ele identifica Jesus com a humanidade. A Bíblia ensina que Jesus era um humano real. “Filho do Homem” pode certamente implicar que Jesus compartilhava da natureza e caráter da humanidade. Parece, contudo, que isto não explica adequadamente a frase. Jesus nunca teve que provar que ele era humano, era óbvio ao se olhar para ele. 

Este uso do termo era uma auto-designação, mas parece haver aí mais do que isso. A evidência indicaria que a frase “Filho do Homem” também era messiânica por natureza. O melhor apoio para isto pode ser dado pelas afirmações messiânicas em Daniel 7:13-14, onde o Messias é retratado como um “Filho do Homem”, ou figura de aparência humana, a quem é dado “domínio, glória e um reino”. Isto prepara o ambiente para o uso do título por Jesus.

Jesus usou a frase “Filho do Homem” em diferentes situações. Primeiro, ele usou-a para falar de si mesmo quando cumpria seu ministério na terra (p. ex., Mateus 8:20; 11:19). Segundo, ele usou a frase para falar de si mesmo como sofredor nas mãos dos homens, que o maltrataram e o executaram (p. ex., Marcos 9:12, 31; Lucas 24:7). Terceiro, ele usou-a para se referir ao seu aparecimento em glória, como juiz supremo (p. ex., Mateus 16:27; 25:31; João 5:27). Jesus é tanto o “servo sofredor” como o juiz de toda a terra. Reymond observou:

“Não pode haver dúvida, então, que todos os quatro evangelistas, quando interpretados corretamente, pretenderam que seus leitores entendessem que Jesus é o Salvador do homem nos papéis de servo sofredor, que veio tanto para ‘buscar e salvar o perdido’ (Lucas 19:10), como ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos’ (Marcos 10:45; Mateus 20:28), bem como vinha como juiz e Rei escatológico” (Reymond 57).

Primogênito. A Bíblia se refere a Jesus como “primogênito” (Colossenses 1:15-18; Romanos 8:29). Este termo também é aberto a um par de significados. Ele poderia significar primogênito em tempo (Gênesis 27:19; Êxodo 11:5; Lucas 2:7). Neste sentido ele se refere ao primeiro filho nascido numa família. Alguns têm tomado este significado e concluído que o uso da palavra “primogênito”, com referência a Jesus, significa que ele foi o primeiro ser criado. Contudo, isto não se mantém. O termo “primogênito” também é usado para representar posição superior. Por exemplo, a Bíblia fala de “primogênito de morte”, significando a doença mais fatal e mortal (Jó 18:13). Isaías 14:30 fala de “primogênito dos desamparados”, significando aqueles que mais precisam de auxílio. Outras passagens usam o termo deste modo (Êxodo 4:22; Jeremias 31:9; Salmo 89:27). Nestes casos ele significa “preeminente”.

A respeito de Jesus, “primogênito” significa aquele que é primeiro e preeminente sobre todos. Jesus existia antes da criação, e é superior à criação (Louw e Nida 117). Ele é chamado “primogênito entre muitos irmãos”, o que se refere a posição e não a tempo (Romanos 8:29). Ele é chamado o “Primogênito dos mortos”, significando que ele foi o primeiro a ser levantado para nunca mais morrer (Apocalipse 1:5). Colossenses 1:15 deverá ser entendido como significando que Jesus é preeminente sobre toda a criação porque ele mesmo é o Criador. “A palavra enfatiza a preexistência e incomparabilidade de Cristo com sua superioridade sobre a criação. O termo não indica que Cristo foi uma criação ou um ser criado” (Reinecker 567). 

Portanto o título “Primogênito” mostra uma alta Cristologia; Jesus é Unigênito. A expressão “unigênito” (monogenes) aparece cinco vezes com referência a Jesus (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9). Novamente, isto nada tem a ver com a decisão sobre se Jesus é ou não um ser criado. É uma outra afirmação da posição ímpar mantida por Jesus. Em cada caso, ela significa “único” ou “só”: “pertencente ao que é único no sentido de ser o único da mesma qualidade ou classe” (Louw e Nida 591). Por esta razão, a Nova Versão Internacional explica, numa nota sobre João 3:16, que “unigênito” indica “único”. O mesmo termo é usado para Isaque, como o “único” filho (Hebreus 11:17). 

Isto lança luz sobre o significado do termo. Isaque não era o “unigênito” de Abraão em sentido estrito, literal. Nem Isaque era o filho primogênito em tempo. Contudo, Isaque ocupou uma posição singular e superior como o “único” filho da promessa de Abraão. Por esta razão, Isaque foi o único filho de seu tipo, e o termo pode ser usado adequadamente para ele. Isto é o que o termo significa com referência a Jesus. Ele foi o Filho único de Deus, o único de sua qualidade. É um título de posição, e não de origem.

Há outros termos aplicados a Jesus que são significantes. Por exemplo, Jesus é chamado “o resplendor da glória” de Deus e “a expressão exata de seu ser” (Hebreus 1:3). Jesus não era apenas um reflexo de Deus; a glória de Deus resplandecia através dele de tal modo que quando se via Jesus, via-se Deus (cf. João l4:9-11). Estes termos não poderiam ser corretamente aplicados a alguém que fosse um homem comum. Se eles forem aplicados adequadamente, eles implicarão que o próprio Jesus é Deus. Todos esses termos tomados conjuntamente demonstram a alta Cristologia da Escritura. O ensinamento uniforme é que Jesus foi Deus manifestado em carne.

Testemunho do Novo Testamento

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