"Quisera
eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois.
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para
vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo.
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia,
assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade
e pureza devidas a Cristo. Se, na verdade, vindo alguém, prega outro
Jesus que não temos pregado, ou se aceitais espírito diferente
que não tendes recebido, ou evangelho diferente que não tendes
abraçado, a esses de boa mente o tolerais" (2 Coríntios 11.1-4).
"Então
lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe
disse: Tu és o Cristo" (Marcos 8.29).
"Irmão,
eu não estou interessado em qualquer conversa sobre doutrinas que nos
dividam. A única coisa que me importa saber é se alguém
ama a Jesus. Se ele me diz que ama a Jesus, não me interessa a qual igreja
vai; eu o considero meu irmão em Cristo." Naquele momento, não
me pareceu que fosse a hora e o lugar certo para argumentar com a pessoa que
dizia isso. No entanto, eu me senti compelido a fazer uma pergunta para ela
antes que a conversa se encerrasse: "Quando você fala com alguém
que lhe diz amar a Jesus, você nunca lhe pergunta: ‘Qual Jesus?'"
Após
um breve momento de reflexão, tal pessoa me respondeu que nunca faria
tal pergunta. "Não seria simpático".
Sempre que
visito alguns amigos de um outro estado, há um homem que me esforço
em encontrar. Ele é a alegria em pessoa, um dos homens mais amigáveis
que conheço. Mesmo sendo um muçulmano consagrado, ele se declara
ecumênico, e orgulha-se do fato de compartilhar algumas das crenças
tanto dos judeus como dos cristãos. Ocasionalmente ele freqüenta
uma igreja com um de meus amigos e de fato aprecia a experiência e a comunhão.
Certa vez em um restaurante, ele estava expondo o seu amor por Jesus para mim
e nossos amigos cristãos, e encerrou a sua declaração com
as seguintes palavras: "Se eu pudesse rasgar a minha carne de tal maneira
que todos vocês entrassem em meu coração, vocês saberiam
o quanto eu amo a Jesus." Os sentimentos que envolveram suas palavras foram
impressionantes; na verdade, é incomum ouvir este tipo de declaração
tão devotada, até mesmo em círculos cristãos.
Estamos falando da mesma pessoa?
Voltando agora
para o meu dilema inicial. Eu estava admirando a expressão de amor de
meu amigo quando um pensamento preocupante tomou conta de mim: Qual Jesus? Um breve conflito mental aconteceu. Pensei se eu devia ou não lhe fazer
tal pergunta. Minhas palavras, no entanto, saíram antes que minha mente
tomasse uma decisão. "Fale-me sobre o Jesus que você ama."
Meu amigo muçulmano nem hesitou: "Ele é o mesmo Jesus que
você ama." Antes de me tornar muito "doutrinário"
com meu amigo, achei que deveria mostrar-lhe como era importante definirmos
se estávamos realmente falando sobre o mesmo Jesus.
Eu usei o seu
vizinho, que é um grande amigo nosso, como exemplo. Ele e eu realmente
amamos esse cidadão. Depois de concordarmos sobre nossos sentimentos
mútuos, eu comecei a dar uma descrição das características
físicas de nosso amigo comum: "Ele tem um metro e setenta de altura,
é totalmente careca, pesa mais ou menos uns 150 quilos e usa um brinco
em sua orelha esquerda..." Na verdade, eu não pude ir muito longe,
pois logo algumas objeções foram feitas. "Espere aí...
ele tem quase dois metros, eu gostaria de ter todo o cabelo que ele tem, e ele
é o homem mais magro que eu conheço!" Meu amigo acrescentou
que certamente não estávamos falando sobre a mesma pessoa. "Mas
isto realmente faz alguma diferença?", perguntei. Ele me olhou com
incredulidade. "Mas é claro que faz! Eu não tenho um vizinho
que se encaixa com a sua descrição. Talvez você esteja falando
de uma outra pessoa, mas não de meu bom vizinho e amigo."
Então destaquei o fato de que se nós verdadeiramente aceitássemos
a descrição que eu acabara de dar, certamente não estávamos
falando da mesma pessoa. Ele concordou.
O Jesus que eu conheço foi crucificado e morreu na cruz pelos meus pecados. O Jesus que você conhece fez o mesmo?
A seguir continuei
descrevendo o Jesus que eu conhecia. "Ele foi crucificado e morreu na cruz
pelos meus pecados. O Jesus que você conhece fez o mesmo?"
"Não,
Alá o levou para o céu logo antes da crucificação.
Judas é quem morreu na cruz."
"O Jesus
que eu conheço é o próprio Deus, que se tornou homem. O
seu Jesus é assim?"
Ele negou com
a cabeça e disse: "Não, Alá é o único
Deus. Jesus foi um grande profeta, mas somente um homem." A discussão
prosseguiu a respeito das muitas características que a Bíblia
atribui a Jesus. Em quase todos os casos, meu amigo muçulmano tinha uma
perspectiva diferente. Mesmo mantendo-se convencido de que ele tinha o ponto
de vista correto sobre Jesus, o fato de que nossas convicções
contraditórias não podiam ser reconciliadas pareceu reduzir o
seu zelo em proclamar o seu amor por Jesus.
Discussão doutrinária é sectarismo?
Alguns enxergam
este meu questionamento como algo não amoroso – como uma prova do sectarismo
que a discussão doutrinária produz. Eu o vejo como uma tentativa
de clarear o caminho para que meu amigo tenha um relacionamento genuíno
com o único Salvador verdadeiro, o nosso Senhor Jesus Cristo – não
com alguém que ele ou outros homens, intencionalmente ou não,
têm imaginado ou inventado.
Doutrinas,
simplesmente, são ensinamentos. Elas podem ser verdadeiras ou falsas.
Uma doutrina verdadeira não pode ser divisiva de maneira prejudicial;
esta característica se aplica somente a ensinos falsos. "Rogo-vos,
irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles"
(Rm 16.17; veja também Rm 2.8-9). Jesus, que é a Verdade,
só pode ser conhecido em verdade e somente por aqueles que buscam
a verdade (Jo 14.6; 18.37; 2 Ts 2.13; Dt 4.29). O próprio Cristo
causou divisão (Mt 10.35; Jo 7.35; 9.16; 10.19), divisão
entre a verdade e o erro (Lc 12.51).
"Qual
Jesus?" é uma pergunta importantíssima para todo crente em
Cristo. Nós deveríamos primeiro nos questionar, testar nossas
próprias crenças sobre Jesus (2 Co 13.5; 1 Ts 5.21). Incompreensões
sobre o Senhor inevitavelmente se tornam obstáculos em nosso relacionamento
com Ele. A avaliação também pode ser vital com respeito
à nossa comunhão com aqueles que se dizem cristãos. Recentemente,
durante uma rápida viagem aérea, um dos meus amigos, preocupado
o suficiente, fez algumas perguntas cruciais à pessoa próxima
a ele sobre o relacionamento dela com Jesus. Mesmo tendo confessado ser um cristão,
participando há quatro anos de uma comunidade cristã, essa pessoa
na verdade não conhecia a Jesus nem entendia o evangelho da Salvação.
Meu amigo o levou ao Senhor antes que o avião aterrizasse.
Nós deveríamos primeiro nos questionar, testar nossas
próprias crenças sobre Jesus.
A "unidade cristã"
Com muita freqüência,
frases parecidas com "nós teremos comunhão com qualquer um
que confessar o nome de Cristo", estão sensivelmente impregnadas
de camuflagens ecumênicas. O medo de destruir a unidade domina os que
levam a sério este tipo de propaganda antibíblica, até
mesmo ao ponto de desencorajar qualquer menor interesse em lutar pela fé.
Surpreendentemente, "a unidade cristã" agora inclui a colaboração
para o bem moral da sociedade com qualquer seita "que confessa o nome de
Jesus."
"Jesus", o irmão de Lúcifer
Os ensinamentos
heréticos sobre Jesus incluem todo tipo inimaginável de idéias
sem base bíblica. O "Jesus Cristo" dos mórmons, por
exemplo, não poderia estar mais longe do Jesus da Bíblia. O Jesus
inventado por Joseph Smith, que a seguir inspirou o nome de sua igreja, é
o primeiro filho de Elohim, tal como todos os humanos, anjos e demônios
são filhos espirituais de Elohim. Este Jesus mórmon se tornou
carne através de relações físicas entre Elohim (Deus,
o Pai, o qual tinha um corpo físico) e a virgem Maria. O Jesus mórmon
é meio-irmão de Lúcifer. Ele veio à terra para se
tornar um deus. Sua morte sacrificial dará imortalidade para qualquer
criatura (incluindo animais) na ressurreição. No entanto, se uma
certa criatura, individualmente, vai passar a sua eternidade no inferno ou em
um dos três céus, isto fica por conta de seu comportamento (incluindo
o comportamento dos animais).
"Jesus", uma idéia espiritual
O Jesus Cristo
das seitas da ciência da mente (Ciência Cristã, Ciência
Religiosa, Escola Unitária do Cristianismo, etc.) não é
diferente de qualquer outro ser humano. "Cristo" é uma idéia
espiritual de Deus e não uma pessoa. Jesus nem sofreu nem morreu pelos
pecados da humanidade, porque o pecado não existe. Ao invés disto,
ele ajudou a humanidade a desacreditar que o pecado e a morte são fatos.
Esta é a "salvação" ensinada pela tal Ciência
Cristã.
Há quem diga que, antes de nascer nesta terra, Jesus era Miguel, o Arcanjo.
"Jesus ", o arcanjo Miguel
As Testemunhas
de Jeová também amam a Jesus, mas não o Jesus da Bíblia.
Antes de nascer nesta terra, Jesus era Miguel, o Arcanjo. Ele é um
deus, mas não o Deus Jeová. Quando o Jesus deles se tornou
um homem, parou então de ser um deus. Não houve ressurreição
física do Jesus dos Testemunhas de Jeová; Jeová suscitou
o seu corpo espiritual, escondeu os seus restos mortais, e agora, novamente,
Jesus existe como um anjo chamado Miguel. A Bíblia promete que, ao morrer
um crente em nosso Senhor e Salvador, a pessoa imediatamente estará com
Jesus (2 Co 5.8; Fp 1.21-23). Com o Jesus deles, no entanto, somente 144.000
Testemunhas de Jeová terão este privilégio – mas não
depois da morte, porque eles são aniquilados quando morrem. Ou seja,
eles gastam um período indefinido em um estado inativo e inconsciente;
de fato deixam de existir. Minha comunhão com Jesus bíblico, no
entanto, é inquebrável e eterna.
"Jesus", ainda preso numa cruz
Os católicos
romanos também amam a Jesus. Eu também o amei da mesma forma durante
vinte e poucos anos de minha vida, mas ele era muito diferente do Jesus que
eu conheço e amo agora. Algumas vezes ele era apenas um bebê ou,
no máximo, um garoto protegido pela sua mãe. Quando queria a sua
ajuda eu me assegurava rezando primeiro para sua mãe. O Jesus
para quem eu oro hoje já deixou de ser um bebê por quase 2000 anos.
O Jesus que eu amava como católico morava corporalmente em uma pequena
caixa, parecida com um tabernáculo que ficava no altar de nossa igreja,
na forma de pequenas hóstias brancas, enquanto que, simultaneamente,
morava em milhões de hóstias ao redor do mundo. Meu Jesus, na
verdade, é o Filho de Deus ressuscitado corporalmente; Ele não
habita em objetos inanimados.
O Jesus dos
católicos romanos que eu conhecia era o Cristo do crucifixo, com seu
corpo continuamente dependurado na cruz, simbolizando, de forma apropriada,
o sacrifício repetido perpetuamente na missa e a Sua obra de salvação
incompleta. Aproximadamente há dois milênios, o Jesus da Bíblia
pagou totalmente a dívida dos meus pecados. Ele não necessita
mais dos sete sacramentos, da liturgia, do sacerdócio, do papado, da
intercessão de Sua mãe, das indulgências, das orações
pelos mortos, do purgatório, etc. para ajudar a salvar alguém.
Os católicos romanos dizem que amam a Jesus, mesmo quando se chamam de
católicos carismáticos, católicos "evangélicos",
ou católicos renascidos, mas na verdade eles amam um Jesus que não
é o Jesus bíblico. Ele é "um outro Jesus".
"Jesus", o bilionário
Até
mesmo alguns que se dizem evangélicos promovem um Jesus diferente. Os
chamados pregadores do movimento da fé e da prosperidade promovem um
Jesus que foi materialmente próspero. De acordo com o evangelista John
Avanzini, cujas roupas chiques refletem o seu ensino, Jesus vestia roupas de
marca (uma referência à sua capa sem costura) semelhantes
às vestidas por reis e mercadores ricos. Usando uma argumentação
distorcida, um pregador do sucesso chamado Robert Tilton declarava que ser pobre
é pecado, e já que Jesus não tinha pecado, então,
obviamente, ele devia ter sido extremamente rico. O pregador da confissão
positiva Fred Price explica que dirige um Rolls Royce simplesmente porque está
seguindo os passos de Jesus. Oral Roberts sustenta a idéia de que, pelo
fato de terem tido um tesoureiro (Judas), Jesus e Seus discípulos deviam
ter muito dinheiro.
O "Jesus" do movimento da fé e das igrejas psicologizadas
Para muitos,
Jesus morreu na cruz para nos assegurar uma auto-estima positiva.
Além
da pregação sobre um Cristo que era materialmente rico, muitos
pregadores do movimento da fé, tais como Kenneth Hagin e Kenneth Copeland,
proclamam um Jesus que desceu ao inferno e foi torturado por Satanás
a fim de completar a expiação pelos pecados dos homens. Este não
é o Jesus que eu conheço e amo.
O Jesus de
Tony Campolo habita em todas as pessoas. O televangelista Robert Schuller
apresenta um Jesus que morreu na cruz para nos assegurar uma auto-estima positiva.
Para apoiar sua tese sobre Jesus, psicólogos cristãos e numerosos
pregadores evangélicos dizem que Sua morte na cruz prova o nosso valor
infinito para com Deus e que isto é a base para nosso valor pessoal.
Não somente existe uma variedade enorme de "jesuses" que promovem
o ego humano hoje em dia, como também estamos ouvindo em nossas "igrejas"
psicologizadas que a verdade sobre Jesus pode não ser tão importante
para o nosso bem psicológico do que nossa própria percepção sobre Ele. Esta é a base para o ensino atual do integracionista psicoespiritual
Neil Anderson e outros que promovem técnicas não-bíblicas
de cura interior. Eles dizem que nós devemos perdoar Jesus pelas situações
passadas, nas quais nós sentimos que Ele nos desapontou ou nos
feriu emocionalmente. Mas, qual Jesus?
Conclusão
A comunhão
com Jesus é o coração do Cristianismo. Não é
algo que meramente imaginamos, mas é uma realidade. Ele literalmente
habita em todos que colocam nEle a sua fé como Senhor e Salvador (Cl
1.27; Jo 14.20; 15.4). O relacionamento que temos com Ele é ao mesmo
tempo subjetivo e objetivo. Nossas experiências pessoais genuínas com Jesus estão sempre em harmonia com a Sua Palavra objetiva (Is 8.20).
O Seu Espírito nos ministra a Sua Palavra, e este conhecimento é
o fundamento para nossa comunhão com Ele (Jo 8.31; Fp 3.8). Nosso amor
por Ele é demonstrado e aumenta através de nossa obediência
aos Seus mandamentos; nossa confiança nEle é fortalecida através
do conhecimento do que Ele revela sobre Si mesmo (Jo 14.15; Fp 1.9). Jesus disse: "Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo 18.37). Na proporção em que nós crentes aceitarmos falsas doutrinas
sobre Jesus e Seus ensinamentos, também minaremos nosso relacionamento
vital com Ele.
Nada pode ser
melhor nesta terra do que a alegria da comunhão com Jesus e com aqueles
que O conhecem e são conhecidos por Ele. Por outro lado, nada pode ser
mais trágico do que alguém oferecer suas afeições
para outro Jesus, inventado por homens e demônios. Nosso Senhor
profetizou que muitos cairiam na armadilha daquela grande sedução
que viria logo antes de Seu retorno (Mt 24.23-26). Haverá muitos que,
por causa de sinais e mqualaravilhas, como são chamados, feitos em Seu nome,
se convencerão de que conhecem a Jesus e O estão servindo. Para
estes, um dia, Ele falará estas solenes palavras: "...Nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23). Mesmo que sejamos considerados divisivos por perguntarmos "Qual Jesus?",
entendam que este pode ser o ministério mais amoroso que podemos ter
hoje em dia. Porque a resposta desta pergunta traz conseqüências
eternas. (T. A. McMahon - TBC 2/95 – traduzido por Ebenezer Bittencourt - http://www.chamada.com.br)
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