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O BRASIL QUE O BRASIL NÃO QUERIA
 
 
  
 
                  Liberdade talvez seja a palavra mais apropriada para definir o 
                  Estado e o povo do Acre. Ao analisar sua bandeira, o leitor 
                  constatará que há uma estrela solitária, símbolo do descaso do 
                  Brasil para com esse Estado. No passado, o governo brasileiro 
                  chegou a enviar tropas à sua região com o intuito de impedir 
                  que os brasileiros conquistassem a independência do Acre 
                  quando ainda era território boliviano.
                  
                  O Acre está situado no sudoeste da região Norte e tem como 
                  limites: Amazonas (N); Rondônia (L); Bolívia (SE); e Peru (S e 
                  O).
                  
                  O senador Geraldo Mesquita, ao discursar no Congresso Nacional 
                  (13/11/03), em homenagem ao centenário do Tratado de 
                  Petrópolis, sintetizou com muita propriedade a história 
                  acreana: “A história do Acre foi traçada a golpes de audácia, 
                  estimulada pela ambição dos homens, talhada pela coragem dos 
                  nordestinos, impulsionada pela ousadia com que se escreve a 
                  história, conquistada pelo atrevimento dos heróis, sustentada 
                  pelo talento, a obstinação e a têmpera dos que dela nunca 
                  desistiram e dos que nela sempre acreditaram”. 
A revolução acreana
                  
                  José Plácido de Castro, gaúcho de São Gabriel (RS), foi o 
                  responsável pela revolução final que tornaria o Acre 
                  componente do Estado Brasileiro, em 6 de agosto de 1902. Ele é 
                  conhecido como o “libertador do Acre” e tem enorme importância 
                  na história acreana. Se não fosse Ele, talvez, o Acre não 
                  constasse no mapa do Brasil. Por quê?
                  
                  O Acre pertenceu oficialmente à Bolívia até 1899. Entretanto, 
                  quem o colonizava eram os brasileiros, especialmente os 
                  nordestinos, atraídos pela intensa e rica produção de látex na 
                  região. Ao tomar consciência que estava perdendo o “filão” da 
                  borracha, a Bolívia reivindicou o território. Luiz Galvez 
                  Rodrigues de Arias, jornalista espanhol, foi quem 
                  primeiramente lutou pela independência do Acre, proclamando-o 
                  república independente ainda em 1899, uma espécie de revolução 
                  aos moldes franceses (referência à Revolução Francesa). 
                  O governo brasileiro de então tratou de devolver o Acre à 
                  Bolívia, por isso o título e jargão “O Brasil que o Brasil não 
                  queria”. Na segunda tentativa de Independência do Acre, os 
                  brasileiros acabaram sendo derrotados pelos bolivianos. Nesse 
                  ínterim, a Bolívia arrendou, por meio de contrato, o 
                  território do Acre a um sindicato de estrangeiros capitalistas 
                  norte-americanos e ingleses que foi denominado Bolivian 
                  Syndicate. Esses estrangeiros queriam o controle total da 
                  região, inclusive militar. Se, de fato, isso tivesse 
                  acontecido, seria, talvez, o início de uma 
                  “internacionalização da floresta amazônica”. 
                  A importância do Estado do Acre, dentro do panorama histórico 
                  brasileiro, visa a luta pelo desenvolvimento sustentável e 
                  preservação da maior floresta tropical do mundo. A conquista 
                  da área acreana foi liberada pelos bolivianos e concretizada 
                  pelos brasileiros em parte por compra (dois milhões de libras 
                  esterlinas, ou 36.268 contos e 870 mil-réis em moeda e câmbio 
                  da época), em parte por troca de pequenas áreas do Mato Grosso 
                  e Amazonas e em parte pelo compromisso de construir a estrada 
                  férrea Madeira-Mamoré.
                  
Tratado de Petrópolis
                  
                  Esse importante documento, assinado em 17/11/1903, pôs termo 
                  ao conflito entre bolivianos e brasileiros. Como quase todas 
                  as decisões têm seus efeitos colaterais, da parte do então 
                  governo federal coube a iniciativa e a atitude de encontrar 
                  uma solução para o território do Acre após o término do 
                  conflito. Qual seria a solução? Torná-lo um Estado autônomo 
                  integrante da Federação? Anexá-lo ao Amazonas? Entregá-lo ao 
                  poder da União? 
                  A solução cabal foi incorporar o Acre ao Brasil como 
                  território Federal. Contudo, a oficialização do Acre como 
                  Estado se deu somente no governo de João Goulart, resultado da 
                  Lei nº 4.070, de 15 de junho de 1962. 
Chico Mendes
                  
                  Assassinado quando tinha 44 anos de idade (22/12/1988) pelo 
                  cangaceiro Darci Alves Pereira, Chico Mendes, natural de 
                  Xapuri (cerca de 150 km de Rio Branco), representa as mais 
                  diversas qualidades do povo acreano. 
                  Na sua empreitada para o bem-estar da floresta, batalhou tanto 
                  que podemos dizer que sem ele a Amazônia teria tido um outro 
                  destino. Sua intenção era impedir a devastação da floresta 
                  amazônica por meio de um modelo sustentável, com 
                  rentabilidade, mas, sem exploração irracional. Em outras 
                  palavras, a relação de Chico Mendes com a floresta era de 
                  equilíbrio e moderação, isso porque sabia que os índios e os 
                  seringueiros necessitavam dela para sua extração e 
                  sustentabilidade.
                  
Culinária acreana
                  
                  É evidente a miscelânea na culinária do Acre. Há uma mistura 
                  da cozinha nordestina, paraense, síria e libanesa. Os 
                  seguintes pratos são apreciados: baião-de-dois, carne-de-sol, 
                  quibe cru e frito, cuscuz de milho, pamonha, tapioca, tabule, 
                  esfihas, macaxeira cozida e doces, como cajá, cocadas, açaí, 
                  cupuaçu, graviola, buriti, bananadas e outras frutas típicas.
                  
Lendas do Norte 
                  Você já deve ter ouvido aquelas histórias assustadoras que 
                  causam medo nas pessoas e contêm elementos estranhos à nossa 
                  compreensão. No Acre, conta-se muito essas histórias, que 
                  conhecemos por lendas. Entre elas, estão o curupira, o boto, a 
                  mãe d’água e o mapinguary. Apenas como ilustração, 
                  sintetizaremos uma das mais peculiares, o boto. 
                  A lenda diz que nas noites de lua cheia o boto, um peixe 
                  transmudado, transformava-se em um rapaz muito bonito e 
                  seduzia donzelas às margens dos rios. Freqüentava as festas 
                  com trajes brancos e um chapéu na cabeça, para esconder o 
                  orifício que havia no topo. Exímio na dança, atraía o olhar 
                  das mulheres. Ao conquistar alguma jovem, a seduzia, 
                  conduzindo-a ao mar. Após a conquista, o rapaz desaparecia nas 
                  profundezas das águas, tornando-se um peixe novamente, 
                  deixando a moça solteira grávida. 
A barquinha
                  
                  Ao contrário do que se possa imaginar num primeiro momento, 
                  este título não se refere a um objeto do segmento náutico. 
                  Trata-se de uma entidade espírita denominada Centro Espírita 
                  Obras de Caridade Príncipe Espadarte, que tem estreita ligação 
                  com o grupo do Santo Daime, a “seita do chá, como é conhecida. 
                  Apesar do contra-senso, os acreanos costumam chamar a 
                  “barquinha” de “igreja”. 
                  O fundador foi Daniel Pereira de Matos, que teria chegado em 
                  Rio Branco durante a revolução acreana, assumindo o posto 
                  oficial de segundo-sargento da Marinha. Após a revolução, 
                  pediu baixa e se aventurou nos seringais da floresta 
                  amazônica. 
                  Vivia em meio à boemia nas noites de Rio Branco, até conhecer 
                  Raimundo Irineu Serra, o fundador do Santo Daime, com quem 
                  iniciou sua jornada “espiritual”. 
                  Conta-se que, em certa ocasião, “tomou o Santo Daime sozinho, 
                  na beira de um igarapé e ali, deitado no leito seco do rio, 
                  teve a visão em que as portas do céu se abriam e um anjo 
                  descia com um livro de capa azul nas mãos, contendo sua missão 
                  espiritual de fundar uma igreja denominada Barquinha”. 
                  A liturgia é semelhante à do Santo Daime, com hinos cantados 
                  por todos os presentes e a tradicional beberagem do chá 
                  alucinógeno. A “igreja” é um misto de práticas indígenas, 
                  espíritas e católicas. 
                  As denominações evangélicas acreanas devem atentar firmemente 
                  para esse movimento religioso. Aquilo que parece inofensivo 
                  pode, de repente, transformar-se em algo portentoso e popular 
                  e, como o povo brasileiro é voltado ao misticismo em extremo, 
                  “religiões” como essa sempre são “bem-vindas”, queremos dizer, 
                  sempre recebem acolhida. E isso dizemos com propriedade, pois 
                  a “barquinha” não é a primeira facção do Santo Daime. A União 
                  do Vegetal também é uma de suas filhas.
                  
                  Que os leitores intercedam por este Brasil que o Brasil não 
                  quis, mas que agora aceitamos com muita honra e orgulho. 
Religião
                  
                  Catolicismo: 379.735
                  
                  Evangélicos: 113.520
                  Espíritas: 1.547
                  Testemunhas de Jeová: 2.241
                  Candomblé: 23
                  Budismo: 35
                  Islamismo: 37
                  Judaísmo: 12
                  Religiões orientais: 437
                  Outras: 3.692
                  Não determinadas: 258
                  Sem religião: 54.091
                  Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000/CERIS
Dados gerais
                  
                  Acre: 152.581,388 km
                  
                  População total: 669.736 (2005)
                  Densidade demográfica: 3,65 habitantes por km²
                  Capital: Rio Branco
                  Clima: Equatorial 
                  Hora local: -2h (relação à Brasília) 
                  Numero de municípios: 22
                  Cidades mais populosas: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Tarauacá, 
                  Sena Madureira e Brasiléia.
 
Por Gilson Barbosa 
Fontes:
                  
                  http://www.ac.gov.br
                  
                  1 http://www2.uol.com.br/pagina20/13112003/especial.htm
                  2 http://www.abarquinha.org.br/index.htm
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                  
                
              
              
            
            
 
 
 
 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
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