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| Zigurate restaurado, em Ur. | 
A Bíblia conta como o  pai de Abraão deixou Ur na Caldeia para ir em direcção a Canaã, parou em  Harã e morreu nesse lugar. No sul da Mesopotâmia, no coração da  Suméria, encontrava-se uma cidade importante que se chamava Ur. 
As  fontes antigas mencionam este lugar com grande respeito. Pesquisas  arqueológicas mostraram que a cidade de Ur era, com efeito, uma cidade  muito importante no tempo de Abraão e até antes. Nela foi encontrado um  grande zigurate, espécie de torre terminada com um templo e constituída  por vários andares, e muito mais objectos de valor do que em qualquer  outro lugar na Mesopotâmia. Os túmulos dos reis eram grandes mausoléus  feitos de tijolos de barro cozido onde foram sepultados os principais  cortesãos e as suas esposas.
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| Uma das duas estatuetas idênticas encontradas num túmulo real em Ur. | 
Mas será  realmente de Ur da Caldeia que a Bíblia fala? A palavra Ur quer dizer,  simplesmente, “cidade”, e muitas cidades, grandes e médias, tinham esse  nome. 
Os caldeus eram Arameus originários de Harã, no Norte da  Mesopotâmia, que tinham emigrado para o Sul por volta do ano 1900 a.C.. O  seu poderio cresceu progressivamente, até que conseguiram apoderar-se  de Babilónia. 
O monarca neo-babilónio Nabucodonosor era caldeu. O título  “caldeu” não pode, portanto, ser aplicado a Ur antes do século IX a.C..  Abraão viveu cerca de mil anos antes dessa época. Mas textos  descobertos em Ebla, no Norte da Síria, mencionam uma cidade de Ur perto  de Harã, a região de origem dos caldeus.
Actualmente, vários cientistas pendem para a hipótese de Ur da Caldeia não estar situada no lugar tradicionalmente aceite, no Sul da Mesopotâmia, mas na região situada mais a Norte, de onde tinham partidos os caldeus. Os dados bíblicos parecem apoiar esta conclusão, já que situam a região de origem dos patriarcas no Norte da Mesopotâmia e nos arredores de Harã. Nenhum indício deixa supor que eles vinham do Sul.
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| Escavações em Berseba. | 
Os Amorreus.
Quando a família de Abraão chegou a Harã, encontrou ali um desses grandes centros urbanos ocupados por uma população a que os sumérios e os acádios chamavam os amurus (amorreus na Bíblia).
Nessa época, os  amorreus estavam em plena migração. Estavam a sair da sua região e  dirigiam-se para duas direcções diferentes. Um grupo descia para sudeste  (a Mesopotâmia), enquanto que um outro tinha Canaã como objectivo, no  sudoeste. Numerosas placas de argila mencionam o nome de pessoas de  origem amorita. 
Estes nomes parecem-se bastante com os dos patriarcas. É  provável que Abraão tenha feito parte de um grupo migratório desse  género, quando se pôs a caminho de Canaã. Os amorreus faziam parte dos  povos que viviam em Canaã quando os israelitas invadiram o país, alguns  séculos mais tarde.
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| A ´fonte de Abraão´, em Hebron. | 
Ao chegar a  Canaã, Abraão atravessou o país, como fazem ainda hoje os beduínos. Ia  regularmente a dois lugares: ao Neguev, um lugar que, ainda hoje, acolhe  beduínos, e à região acidentada de Hebron. 
Por vezes, ia um pouco mais  longe, até às colinas a Norte de Jerusalém, os arqueólogos modernos  fazem muitas vezes o estudo da população actual de uma região para  determinar até que ponto a geografia e o ambiente circundante podem  influenciar o estilo de vida. O estudo das migrações dos beduínos  actuais ajuda-nos a compreender melhor as de Abraão.
A maior parte das vezes, as cidades eram construídas em regiões onde as chuvas permitiam colheitas regulares. Na Palestina, elas situavam-se, portanto, todas a Norte de Berseba, a cidade mais importante do deserto do Neguev. Mais a Sul, a chuva é insuficiente para as culturas agrícolas. No entanto, os beduínos levam os seus rebanhos a pastar nessa região enquanto dura a vegetação que cresce devido às chuvas invernais.
Depois, deslocam-se mais para Norte, para as colinas mais férteis. Os  agricultores destas regiões acolhem-nos com alegria nos seus campos  depois das colheitas, já que os rebanhos fornecem adubo. A imagem que  temos de Abraão corresponde perfeitamente à de um pastor nómada que vai e  vem entre a região desértica a Sul, no Inverno, e as colinas mais  verdejantes do Norte, no Verão.
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